Na atualidade, frequentemente o atacante de
beirada de campo hesita o drible no fundo de gramado sobre o lateral adversário.
Na maioria das vezes opta pelo recuo de bola, ou passe lateral ao companheiro
que se aproxima.
Esse dado contrasta com o chamado
ponteiro-esquerdo do passado, cuja identidade era caracterizada pelo drible,
velocidade e cruzamento com efeito para o interior da área. E pode-se dizer que
durante 22 anos o Palmeiras teve o privilégio de contar com ponteiros que
tinham as tais virtudes.
Palmeirense da velha guarda fica exultante ao detalhar
o gol de falta de Romeiro no título paulista de 1959, na decisão contra o
Santos de Pelé. O chute forte era característica marcante do saudoso Romeiro,
que chegou ao clube um ano antes e ficou até 1962, com histórico de 114 jogos e
62 gols.
No hiato de um ano sem um especialista na
extrema esquerda, até que o destro Gildo foi bem adaptado ali, porque na
ponta-direita Julinho Botelho era intocável. Aí, em 1964 chegou ao Palmeiras o canhão
pernambucano Rinaldo Luís Amorim, precedido pelos títulos estaduais no Náutico
em 1960-63, atuando em quinteto ofensivo formado por Nado, Bita, China, Ivan e
Rinaldo.
Se a estreia no Verdão diante do Santos foi
marcada na derrota por 2 a 1, o histórico de 166 jogos mostra mais de um terço com
gols: 61, baseados na facilidade de fechar em diagonal e explorar o chute
forte, também frequente em cobranças de faltas. Logo, vieram convocações à
Seleção Brasileira e retrospecto de 11 jogos, com a marcante estreia diante da
Inglaterra, pela Copa das Nações, quando marcou dois gols na goleada por 5 a 1,
com Julinho, Pelé e Roberto Dias completando o placar, enquanto Jimmy Greaves
anotou para os ingleses. O jogo foi realizado em 30 de maio de 1964.
Rinaldo era tão absoluto na posição que pouco
se importou com a contratação do famoso Germano, jogador da posição no ano
seguinte. Ele integrava o time batizado de academia e formado por Valdir;
Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia;
Gildo, Servilio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo.
Quando Rinaldo deixou o Palmeiras em 1968, o
substituto já estava lá: o peruano Galhardo, que em 45 jogos marcou 21 gols.
Depois, a Ferroviária (SP) passou a abastecer o Verdão com bons ponteiros-esquerdos.
Piu chegou em 1969, e perdeu a posição para Nei em 1972, também formado em
Araraquara.
Em times grandes, Rinaldo ainda jogou no
Fluminense e Coritiba. Por que alguém com o histórico dele passou por Garça,
União Barbarense e Bandeirantes de Birigui, todos do interior paulista, antes
do encerramento da carreira?
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