segunda-feira, 16 de maio de 2016

Rinaldo, canhão pernambucano dos anos 60

 Na atualidade, frequentemente o atacante de beirada de campo hesita o drible no fundo de gramado sobre o lateral adversário. Na maioria das vezes opta pelo recuo de bola, ou passe lateral ao companheiro que se aproxima.
 Esse dado contrasta com o chamado ponteiro-esquerdo do passado, cuja identidade era caracterizada pelo drible, velocidade e cruzamento com efeito para o interior da área. E pode-se dizer que durante 22 anos o Palmeiras teve o privilégio de contar com ponteiros que tinham as tais virtudes.
 Palmeirense da velha guarda fica exultante ao detalhar o gol de falta de Romeiro no título paulista de 1959, na decisão contra o Santos de Pelé. O chute forte era característica marcante do saudoso Romeiro, que chegou ao clube um ano antes e ficou até 1962, com histórico de 114 jogos e 62 gols.
 No hiato de um ano sem um especialista na extrema esquerda, até que o destro Gildo foi bem adaptado ali, porque na ponta-direita Julinho Botelho era intocável. Aí, em 1964 chegou ao Palmeiras o canhão pernambucano Rinaldo Luís Amorim, precedido pelos títulos estaduais no Náutico em 1960-63, atuando em quinteto ofensivo formado por Nado, Bita, China, Ivan e Rinaldo.
 Se a estreia no Verdão diante do Santos foi marcada na derrota por 2 a 1, o histórico de 166 jogos mostra mais de um terço com gols: 61, baseados na facilidade de fechar em diagonal e explorar o chute forte, também frequente em cobranças de faltas. Logo, vieram convocações à Seleção Brasileira e retrospecto de 11 jogos, com a marcante estreia diante da Inglaterra, pela Copa das Nações, quando marcou dois gols na goleada por 5 a 1, com Julinho, Pelé e Roberto Dias completando o placar, enquanto Jimmy Greaves anotou para os ingleses. O jogo foi realizado em 30 de maio de 1964.
 Rinaldo era tão absoluto na posição que pouco se importou com a contratação do famoso Germano, jogador da posição no ano seguinte. Ele integrava o time batizado de academia e formado por Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Gildo, Servilio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo.
 Quando Rinaldo deixou o Palmeiras em 1968, o substituto já estava lá: o peruano Galhardo, que em 45 jogos marcou 21 gols. Depois, a Ferroviária (SP) passou a abastecer o Verdão com bons ponteiros-esquerdos. Piu chegou em 1969, e perdeu a posição para Nei em 1972, também formado em Araraquara.

 Em times grandes, Rinaldo ainda jogou no Fluminense e Coritiba. Por que alguém com o histórico dele passou por Garça, União Barbarense e Bandeirantes de Birigui, todos do interior paulista, antes do encerramento da carreira?

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