Há três anos o atacante José Roberto Marques sofreu
AVC (acidente vascular cerebral) e o processo de recuperação foi lento. No
final de abril passado nova internação em hospital de Serra Negra (SP), por
causa de uma úlcera. A doença se agravou e ele morreu no sábado sete de maio,
aos 71 anos de idade.
A história de Zé Roberto foi marcada por indisciplina,
boemia, mas sobretudo como artilheiro. Foi um dos raros jogadores da noite que
deu certo no futebol, principalmente na dupla Atlético Paranaense e Coritiba.
Enquete feita pelo jornal Gazeta do Povo
o apontou como maior ídolo daquele estado, período que garantiu convocações à
Seleção Brasileira.
Alto e magro, tinha aproveitamento fantástico
no jogo aéreo. Em 1968, emprestado pelo São Paulo ao Atlético Paranaense,
marcou 40 gols num time de medalhões como Djalma Santos, Belini, Zequinha,
Dorval e Gildo, entre outros. Fim de contrato, o clube não dispunha de 150 mil
cruzeiros - moeda corrente da época - para contratá-lo, e ele sugeriu que
sócios se cotizassem para arrecadá-lo, propondo colaborar com três mil
cruzeiros e promessa de abrir mão dos 15% a que teria direito.
Na prática foram levantados dez mil cruzeiros,
ele voltou ao São Paulo, e rapidamente o Coritiba atravessou o negócio em
outras bases. E quando da formalização do contrato, na casa do então presidente
Evangelino da Costa Neves, Zé Roberto aceitou dose de uísque oferecida pelo
dirigente, e brincou citando que não gostava de guaraná.
Revelado no juvenil do São Paulo em 1962, a
maluquice o atrapalhou para fixação como titular. Cerca ocasião se apossou de
obra de pintura a óleo de apartamento de um amigo, e se mandou para a Praça da
República sem que fosse notado. Quando constataram atleta e objeto desaparecidos,
saíram à procura, localizando-os em feira de expositores.
Claro que o quadro não seria
vendido. Tudo não passou de brincadeira para assustá-los.
Por essa e outras foi emprestado ao Guarani
cinco anos depois, e atuou num time formado por Dimas; Miranda, Paulo, Guassi e
Diogo; Bidon e Milton dos Santos; Carlinhos, Zé Roberto, Parada e Dalmar.
Naquele período já gostava da noite e se
divertia com mulherada em boates na capital paulista. Rotineiramente era visto
em ônibus da Viação Cometa, única empresa de transporte de passageiros de
Campinas a São Paulo, defronte à antiga estação ferroviária de Campinas, e, da
janelinha, fazia farra com biscoiteiros, vendedores ambulantes e carregadores
de mala.
Repetia o lema que ‘o dia seguinte a Deus
pertence’. Apesar de desfrutar de prazeres da vida noturna, negou escapadas às
vésperas de jogos. “Eu saía de segunda a quinta-feira apenas, embora tenha
desaconselhado garotos que ingressam no futebol profissional repetir os meus
caminhos’, confessava.
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