Outrora cartolas do futebol tinham receio da
mídia e evitavam entrar em rota de colisão com profissionais dos veículos. Como
toda regra tem exceção, eis que o saudoso Osvaldo Teixeira Duarte, presidente
da Portuguesa nos 70 e 80, quis ‘peitar’ os principais jornais de São Paulo com
alegação que desdenhavam o seu clube. O revide foi omissão do nome dele, que
passou a ser identificado pelas inicias: OTD. Nem por isso ele modificou a sua
conduta.
O temperamento intempestivo dele já havia sido
observado em 1972, ao dispensar seis jogadores após derrota para o Santa Cruz
por 1 a 0,
no Estádio Parque Antártica. Marinho Perez, Lorico, Piau, Samarone, Ratinho e
Hector Silva foram responsabilizados. OTD cobrava resultados e não tolerava
erros grosseiros dos homens que comandavam o futebol. Assim, naquele período as
campanhas do clube foram aceitáveis.
Igualmente as reformas no Estádio do Canindé
foram feitas na gestão dele, trocando arquibancadas de madeira pela estrutura
de cimento. Liderou campanhas de doações de materiais de construção, e em 1972
inaugurou obras do estádio, que posteriormente recebeu o nome dele.
Na segunda reeleição em 1974, ele agitou a
colônia portuguesa ao elevar de 17.066 para 70 mil o número de associados do
clube. Com domínio absoluto da situação, ele sabia até quantas toalhas estavam na
sauna. Exigia que os departamentos economizassem custos. Assim, por dez anos
consecutivos conduziu o clube, abrindo espaço para que outras lideranças o
sucedessem.
Em 1984, na volta ao poder, girou a
metralhadora para a Federação Paulista de Futebol. Conseguiu vetar árbitros da
velha guarda de jogos de seu time, entre eles Dulcídio Vanderlei Boschilia,
José Assis Aragão, Roberto Nunes Morgado e Romualdo Arpi Filho. Quando a Lusa
foi à final do Paulistão em 1985,
a entidade escalou o desconhecido José Carlos Nascimento
para apitar.
Como morreu em outubro de 1990, o então
dirigente deve estar se revirando no túmulo com a decadência da Lusa, que perdeu
até status de time do bloco intermediário. O clube ainda administra dívida
monstruosa e não escapou do risco de perda de seu estádio.
O último grande ídolo da Portuguesa foi Dêner,
também ponta-de-lança, que perdeu a vida em acidente de automóvel, no Rio de
Janeiro, em 1994, quando defendia o Vasco por empréstimo.
O último momento marcante do clube foi em
1996, com o vice-campeonato brasileiro. Depois, restou só paciência de seu
torcedor que, perplexo, compara craques do passado com o modestíssimo time do
momento.
Apesar disso, astros do passado sempre serão
lembrados. Entre eles o lendário meia Pinga nas décadas de 40 e 50;
pontas-de-lança exímios cabeceadores Leivinha, Enéas e Servílio (os dois
últimos falecido), atacantes habilidosos Ivair e Dener (falecido), e zagueiros
Ditão e Marinho Perez.