domingo, 15 de novembro de 2015

Hilton Oliveira, ponteiro auxiliar de artilheiros

 Outrora jogador de futebol era identificado pelo prenome ou apelido. Em caso de coincidência de jogadores de mesmo nome em um clube, geralmente aquele que chegava por último era citado como ‘fulano de tal’ segundo. Uma das exceções à regra foi no São Paulo no final dos anos 60, quando Antonio Pedro de Jesus, o Toninho, já integrava o elenco e passou a ser chamado de Toninho II para se diferenciar do centroavante Toninho Guerreiro, recém transferido do Santos.
 Com uma leva de Toninhos espalhada por clubes de todo país, décadas passadas, quebraram o ‘protocolo’ para identificá-los. Em vez da citação Toninho II, adotavam nomes compostos. Entre os Toninhos, o Santos teve Oliveira e Carlos. No Palmeiras passaram Cecílio, Vanusa e Catarinense. Até a Seleção Brasileira contou com o lateral-direito Toninho Baiano.
 O Cruzeiro dos anos 60 preferia usar nomes compostos em casos de homônimos em seu elenco. Com a chegada do ponteiro-esquerdo Hilton ao clube em 1958, o jeito foi identificá-lo como Hilton Oliveira para se diferenciar do volante Hilton Chaves que lá estava.
 Do ataque cruzeirense campeão da Taça Brasil de 1966, com vitórias por 6 a 2 e 3 a 2 sobre o Santos de Pelé na final, respectivamente nos estádios do Mineirão e Pacaembu, o ponteiro-esquerdo Hilton Oliveira era o jogador de menor notoriedade, embora habilidoso e rápido. A falta de ambição para marcar gols era um defeito, já que o ponteiro-direito Natal funcionava como auxiliar de artilheiros que também marcava gols regularmente.
 A preferência de Hilton Oliveira era levar a bola ao fundo do campo e cruzar geralmente rasteiro para conclusões quer dos atacantes Tostão e Evaldo, quer do meia Dirceu Lopes, todos de média estatura. Assim, o estilo trouxe-lhe prejuízo com histórico de míseros 33 gols em 330 jogos com a camisa do Cruzeiro até 1970, debitando-se o hiato no biênio 1961-62 quando defendeu o Fluminense por empréstimo, período que intercalou a titularidade com o também ponteiro-esquerdo Escurinho, e não escondia a preferência para atuar nos aspirantes.
 A história de Hilton Oliveira no futebol terminou em 1971 na passagem pelo América Mineiro. Há registro de três jogos contra o Uruguai pela Seleção Brasileira em 1967, e confissão de liberdade para abusar de dribles quando o Cruzeiro excursionava ao exterior.

 Depois disso admitiu ter enjoado de futebol e até optado pelo ramo de vendas na continuidade de atividade profissional. Por isso, bem antes da morte em março de 2006, aos 65 anos de idade, vítima de pneumonia, já dizia que raramente assistia partidas até pela televisão. Justificava a desmotivação pelo empobrecimento do nível técnico e torcia o nariz ao deparar com salários de R$ 80 a $ 100 mil mensais para jogadores rigorosamente comuns. “Quem mandou a gente nascer em época errada no futebol?”

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