Outrora jogador de futebol era identificado
pelo prenome ou apelido. Em caso de coincidência de jogadores de mesmo nome em
um clube, geralmente aquele que chegava por último era citado como ‘fulano de
tal’ segundo. Uma das exceções à regra foi no São Paulo no final dos anos 60,
quando Antonio Pedro de Jesus, o Toninho, já integrava o elenco e passou a ser
chamado de Toninho II para se diferenciar do centroavante Toninho Guerreiro,
recém transferido do Santos.
Com uma leva de Toninhos espalhada por clubes
de todo país, décadas passadas, quebraram o ‘protocolo’ para identificá-los. Em
vez da citação Toninho II, adotavam nomes compostos. Entre os Toninhos, o
Santos teve Oliveira e Carlos. No Palmeiras passaram Cecílio, Vanusa e
Catarinense. Até a Seleção Brasileira contou com o lateral-direito Toninho
Baiano.
O Cruzeiro dos anos 60 preferia usar nomes
compostos em casos de homônimos em seu elenco. Com a chegada do
ponteiro-esquerdo Hilton ao clube em 1958, o jeito foi identificá-lo como
Hilton Oliveira para se diferenciar do volante Hilton Chaves que lá estava.
Do ataque cruzeirense campeão da Taça Brasil
de 1966, com vitórias por 6 a
2 e 3 a 2
sobre o Santos de Pelé na final, respectivamente nos estádios do Mineirão e
Pacaembu, o ponteiro-esquerdo Hilton Oliveira era o jogador de menor
notoriedade, embora habilidoso e rápido. A falta de ambição para marcar gols
era um defeito, já que o ponteiro-direito Natal funcionava como auxiliar de
artilheiros que também marcava gols regularmente.
A preferência de Hilton Oliveira era levar a
bola ao fundo do campo e cruzar geralmente rasteiro para conclusões quer dos atacantes
Tostão e Evaldo, quer do meia Dirceu Lopes, todos de média estatura. Assim, o
estilo trouxe-lhe prejuízo com histórico de míseros 33 gols em 330 jogos com a
camisa do Cruzeiro até 1970, debitando-se o hiato no biênio 1961-62 quando
defendeu o Fluminense por empréstimo, período que intercalou a titularidade com
o também ponteiro-esquerdo Escurinho, e não escondia a preferência para atuar
nos aspirantes.
A história de Hilton Oliveira no futebol
terminou em 1971 na passagem pelo América Mineiro. Há registro de três jogos
contra o Uruguai pela Seleção Brasileira em 1967, e confissão de liberdade para
abusar de dribles quando o Cruzeiro excursionava ao exterior.
Depois disso admitiu ter enjoado de futebol e
até optado pelo ramo de vendas na continuidade de atividade profissional. Por
isso, bem antes da morte em março de 2006, aos 65 anos de idade, vítima de
pneumonia, já dizia que raramente assistia partidas até pela televisão. Justificava
a desmotivação pelo empobrecimento do nível técnico e torcia o nariz ao deparar
com salários de R$ 80 a
$ 100 mil mensais para jogadores rigorosamente comuns. “Quem mandou a gente
nascer em época errada no futebol?”
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