O saudoso narrador de futebol Fiori Gigliotti
produzia um quadro imortalizado no rádio brasileiro intitulado ‘Cantinho de
Saudade’, quando mergulhava na poesia para enaltecer jogadores do passado.
Assim, não seria exagero se pinçasse frases bonitas de escritores para relatar
as trágicas mortes do lateral-direito Lidu e ponteiro-esquerdo Eduardo do
Corinthians em 1969, decorrentes de acidente de automóvel na capital paulista.
O Timão havia empatado com o São Bento por 1 a 1 no dia 27 de abril
daquela temporada, no alçapão do extinto Estádio Humberto Reali, de Sorocaba,
mando de jogos do time da casa até 1979. No retorno a São Paulo, Lidu, recém
habilitado como motorista, entrou em seu Fusquinha na área de estacionamento do
Estádio Parque São Jorge e foi jantar, em companhia de Eduardo.
Diria Fiori que, quando vazava o seio negro da
noite, ambos retornavam à residência pela Marginal do Tietê ocasião em que o
veículo, desgovernado, capotou várias vezes, chocou-se contra pilastra da ponte
da Vila Maria, matando-os. É possível que o narrador tenha acrescentado que
Lidu morreu na flor dos anos, pois havia completado um mês antes 22
‘primaveras’, justamente quando a felicidade transbordava-lhe a alma como
titular absoluto do Timão em 36 jogos.
À torcida corintiana enlutada, Fiori lembraria
que a espada impiedosa da dor atravessou-lhe o coração. E descreveria Lidu, o
Ludgero Pereira da Silva, como o moço que veio de Presidente Prudente, que no
primeiro ano de Prudentina, em 1966, havia mostrado raça e firmeza na marcação,
despertando interesse do Londrina que o contratou. A chegada ao Corinthians
deu-se no início de 1969.
Sobre Eduardo Neves certamente Fiori enfeitou
um pouco mais. Afinal foi um ponteiro-esquerdo habilidoso que se destacou no
América (RJ) em quatro temporadas a partir de 1964, e já no Corinthians foi
convocado à Seleção Brasileira oito vezes. Não passou batido no relato de Fiori
que Eduardo fez parte do time corintiano de 1968 que quebrou tabu de dez anos sobre
o rival Santos, na vitória por 2
a 0 no Estádio do Pacaembu.
Aquele Corinthians de 1969, no Campeonato
Paulista, já havia vencido Santos, São Paulo, Palmeiras e a então respeitada
Portuguesa até a tragédia que vitimou os dois jogadores. Depois, a incerteza
sobre os substitutos. Na lateral-direita foi improvisado o lateral-esquerdo
Pedro Rodrigues, Alvacir e até o deslocamento do zagueiro Mendes. Na
ponta-esquerda passaram Adnan, Reinaldo, Buião e o deslocamento do centroavante
Benê.
Assim, do time base de Lula; Lidu, Ditão, Luís
Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivellino; Paulo, Tales, Benê e
Eduardo ocorreram várias modificações e queda na classificação. Na época o
clube mandava jogos no Estádio Alfredo Schurig, conhecido como Parque São Jorge
e Fazendinha.
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