Qual jogador de futebol tem
histórico de 73 partidas consecutivas como titular da mesma equipe durante todo
tempo regulamentar de confrontos? Qual? Pois o detentor desta marca -
provavelmente recordista de todos os tempos no Brasil - é o então
lateral-esquerdo Gilberto Ferreira da Silva, identificado no meio da bola como
Gilberto Sorriso, e por motivos óbvios.
O histórico foi cravado nos tempos de São
Paulo, de 1968 a
1977. Ele havia sido aprovado em treino peneira dos juvenis do tricolor
paulistano, após reprovação nos testes feitos no terrão do Corinthians.
Destro, Gilberto Sorriso começou a carreira
como lateral-direito, mas a ingrata disputa de posição com o botinudo e temido
uruguaio Forlan serviu para que aceitasse a improvisação na lateral-esquerda, alternativa
do então treinador José Poy para que ocupasse o lugar do decadente lateral
Tenente.
As campanhas mais expressivas de Gilberto no
São Paulo foram no biênio 1970-71, com os treinadores Zezé Moreira e Oswaldo
Brandão, respectivamente. No título de 70, o time são-paulino era formado por
Sérgio; Forlan, Jurandir, Roberto Dias e Gilberto Sorriso; Edson Cegonha e
Gérson; Paulo Nani, Terto, Toninho Guerreiro e Paraná.
Gilberto Sorriso revelou que naquele período
áureo do São Paulo pessoas influentes no clube não davam importância à
Libertadores. “Valorizavam campeonatos Brasileiro e Paulista”, contou.
No primeiro ano de Santos, em 1978, Gilberto
Sorriso já comemorou título paulista participando de um grupo treinado pelo
saudoso Chico Formiga e identificado como ‘Meninos da Vila’. Eis a formação:
Flávio; Nelsinho Baptista, Joãozinho, Neto e Gilberto Sorriso; Toninho Vieira,
Rubens Feijão e Pita; Claudinho, Juari e Célio. Detalhe: na segunda partida daquela
final contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi, o público foi de 107.485
pagantes.
Mesmo na reserva, o gostinho de faixa de
campeão se repetiu em 1984, no time santista comandado pelo também saudoso
Carlos Castilho e formado por Rodolfo Rodrigues; Chiquinho, Márcio Rossini,
Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto Sorriso); Dema, Paulo Isidoro, Lino
e Humberto; Serginho Chulapa e Zé Sérgio.
Quando parou de jogar em 1989 na Portuguesa
Santista, já sem a cabeleira black power e barba, Gilberto Sorriso revelou que
nunca bebeu ou fumou, mas confessou que gostava da noite. Dez anos depois
enfrentou injusta acusação de que teria cometido homicídio em 1999, com
decretação de prisão preventiva, e o caso rendeu-lhe muita dor de cabeça até
provar a inocência. Tudo porque ele havia perdido documentos que foram
utilizados pelo real homicida.
Hoje, aos 64 anos de idade completados em
setembro passado, paradoxalmente ele trabalha como empregado de empresa de propriedade
da ex-esposa. Os cabelos rarearam, mas o sorriso continua o mesmo.
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