Até 2012, aos 72 anos de idade, o ex-jogador
Pelé tinha saúde de ferro e não havia registro de internação hospitalar. Aí
começou a se queixar de dores quando jogava tênis e em caminhada. Por isso
se submeteu à cirurgia no quadril para colocação de prótese de titânico e
cerâmica no Hospital Israelita Alberto Einstein, na capital paulista.
Claro que Pelé jamais imaginava permanência
mais freqüente nas alas de pacientes daquele hospital. Em novembro do ano
passado foi operado para retirada de cálculos renais. Neste ano retornou ao
local duas vezes para outros procedimentos. Em maio, diagnosticado com
hiperplasia benigna na próstata, passou por nova cirurgia. Voltou a ser operado
dois meses depois para correção na coluna.
Neste outubro, quando completa 75 anos no dia
23, Pelé voltou às manchetes com a língua afiada para criticar a corrupção na
Fifa. Também cobra na Justiça R$ 2,1 milhões devido pelo Santos, por atraso de
pagamento do contrato vitalício de direito de exploração de sua imagem.
Pelé, registrado como Edson Arantes do
Nascimento, jamais deixou de freqüentar o noticiário mesmo depois que pendurou
definitivamente as chuteiras em 1977 no New York Cosmos (EUA), quando recebeu o
equivalente a R$ 7 milhões por contrato de dois anos.
Depois disso foi ministro dos Esportes no
governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, divorciou-se de Resemeri
Cholbi e casou-se mais duas vezes: com Assíria Nascimento e Márcia Aoki. Ainda
em família, recorreu enquanto pôde para evitar o reconhecimento de paternidade
de Sandra Regina, filha de um relacionamento extraconjugal com Anísia Machado.
Por causa da resistência, Sandra havia lhe mandado
um recado curto e grosso em entrevista no dia do aniversário dele, quando
indagada sobre o presente que lhe daria: “Um olhinho de peroba para lustrar bem
aquela cara de pau dele”.
Exames de DNA foram implacáveis e a Justiça
obrigou o reconhecimento da paternidade em 1996. Eleita vereadora de Santos em
2000, Sandra não completou a segunda legislatura com a morte em 2006, vítima de
câncer aos 42 anos de idade. Pelé preferiu enviar coroas de flores a ir ao
velório, mas a família dela optou por devolvê-las.
Títulos pelo Santos F.C., tri na Seleção
Brasileira e histórico de 1.281 gols condizem com procedimento da imprensa
francesa ao coroá-lo ‘rei do futebol’ em 1961 e defini-lo como ‘atleta do
século [passado]’ 20 anos depois. Isso inspirou narradores de televisão a criar
bordões para identificá-lo. Todas as vezes que pegava na bola o saudoso Walter
Abrahão o definia como ‘Ele’. Para o também falecido Geraldo José de Almeida
era ‘o craque Café’, que ‘mata no peito e baixa na terra’. O igualmente saudoso
jornalista Nelson Rodrigues dizia ‘aquele garoto de cor também possui a
sanidade mental de um Mané Garrincha’.
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