O São Paulo é uma agremiação que dedica tratamento
especial aos seus ex-ídolos. Em maio passado, quando enfrentou o Cruzeiro pela
Libertadores no Estádio do Morumbi, a diretoria homenageou 15 ex-atletas em
agradecimento pela dedicação ao clube. E naquela leva estava o atacante
Tertuliano Severino dos Santos, o Terto, com histórico de 498 jogos e 87 gols marcados
no tricolor paulistano de 1968
a 1977.
Quando chegou ao São Paulo, com fama de
baladeiro, Terto participou de um time formado por Picasso; Renato, Jurandir, Roberto
Dias e Tenente; Nenê (Lourival) e Benê (Fefeu); Miruca, Terto, Babá (Téia) e
Paraná. Já no segundo ano de clube foi
diagnosticado com verme, fez tratamento, e garantiu posição de meia-direita na
equipe que em 1970 quebrou jejum de títulos de 13 anos com a conquista do
Campeonato Paulista.
A remontagem da equipe são-paulina implicou na
tradição do clube de contratar um meia-armador veterano, caso do carioca
Gérson, a exemplo daquilo que havia ocorrido com Sastre e Zizinho décadas
anteriores. Gérson era o lançador. Da intermediária defensiva visava à
velocidade de Terto.
O jogo que encaminhou o São Paulo para aquele
título foi contra a Ponte Preta dia cinco de dezembro, marcado por erro de
arbitragem. Terto sofreu falta do zagueiro pontepretano Henrique a um metro da
área, mas o árbitro Arnaldo César Coelho marcou pênalti, convertido por Toninho
Guerreiro, que posteriormente ampliou a vantagem para 2 a 0. E com situação
consolidada, o São Paulo, treinado pelo saudoso Zezé Moreira, venceu o Guarani
em Campinas na última rodada, num time formado por Sérgio; Forlan, Jurandir,
Roberto Dias e Gilberto Sorriso; Édson Cegonha e Gérson; Paulo Nani, Terto,
Toninho e Paraná.
No ano do bi, em 1971, a comemoração foi com
vitória por 1 a
0 sobre o Palmeiras diante de 115 mil pessoas no Morumbi, com Arlindo no lugar
de Dias e o uruguaio Pedro Rocha efetivado como meia-direita, o que provocou
deslocamento de Terto à ponta-direita, com saída de Paulo Nani da equipe.
Oswaldo Brandão já respondia pelo comando técnico.
Terto era jogador de explosão, tinha
facilidade para chegar ao fundo do campo, e fazia precisos cruzamentos visando
o centroavante Toninho Guerreiro. Em 1977, quando as pernas já estavam cansadas,
Terto fez companhia a Sócrates e Lorico no Botafogo de Ribeirão Preto. Depois
passou por Ferroviário do Ceará e encerrou a carreira em 1982 no Catanduvense.
Na iminência de completar 70 anos de idade,
Terto trabalha em escolinha de futebol para sócios do São Paulo mantendo a
postura dos tempos de atleta: educado, divertido e paciente para relatar sua
biografia no futebol desde 1965, quando iniciou a carreira no Santa Cruz.
Todavia não esconde que fica transtornado com falsidade de amigos. Já ‘voou’ na
garganta de um ex-goleiro que pisou na bola com ele.
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