segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Solitinho enfrenta novo e duro desafio

 No imaginário do ‘mulherio’, jogador de futebol já é belo independente da feiúra. Imaginem um garotão esbelto, alto, loiro, cabelos caídos nos olhos e goleiro do Corinthians? Assim era Carlos Alberto Solito, que nas categorias de base ganhou apelido de Solitinho, conquistou medalha de ouro pela seleção olímpica no Pan-Americano de 1979, e no biênio 1980/81 foi titular da equipe principal do Timão.
 Faltou-lhe, todavia, a cobrada regularidade. Por isso em 1982 paradoxalmente perdeu a posição no time corintiano para o irmão Cláudio Roberto Solito, três anos mais velho de que ele, igualmente revelado nos juvenis do clube, e que voltava de empréstimo ao Náutico.
 Transformado em reserva, Solitinho entrou para a história insólita de irmãos goleiros buscando o mesmo espaço em um time, numa concorrência sadia. E se no Corinthians foi relegado, a carreira se prolongou no Santo André, Inter de Limeira e XV de Piracicaba, períodos que soube se esquivar de mulheres assanhadas e evitou virar noite em baladas ou fama de farrista.
 Na curta carreira de atleta, Solitinho procurou se habilitar à função de preparador de goleiros e a exerceu no Corinthians. Em 2012 ele estava empregado no Audax quando foi diagnosticado com câncer na cavidade nasal, disseminado para coluna e medula. Por isso perdeu movimentos nas pernas, faz uso de cadeira de rodas, mas está convicto da cura e retorno às atividades.
 Neste processo de recuperação, Solitinho conta com a solidariedade do irmão Solito, 58 anos de idade, bem sucedido empresário do ramo de confecção, e que ‘roubou-lhe’ a posição em 1982, quando retornou ao Corinthians com bagagem adquirida após sucessivos empréstimos, um deles ao Taubaté. E naquela temporada foi montado um elenco competitivo com proposta de ‘brigar’ pelo título do Campeonato Paulista. O objetivo foi alcançado no time formado por Solito; Alfinete, Mauro, Daniel Gonzalez e Wladimir; Paulinho, Zenon e Sócrates; Ataliba, Casagrande e Biro-Biro. Técnico: Mário Travaglini.
 Nem por isso Solito se consolidou como titular no ano seguinte. A pretexto de se contar no time com goleiro de mais experiência, dirigentes contrataram Emerson Leão. Claro que não dimensionaram o racha que ele provocaria no elenco por discordar da democracia corintiana na época. Assim, Solito ficou como reserva imediato e jogou a partida do título paulista de 1983. Já no ano seguinte a vaga foi perdida com a chegada do goleiro Carlos, da Ponte Preta.

 Outro exemplo de irmãos disputando mesma posição foi Luisinho e Caio Cambalhota no Flamengo em 1975, com vantagem para Luisinho. Exemplos de irmãos de posições diferentes jogarem juntos são maiores. Entre outros podem ser citados Pelé e Zoca no Santos, Alecsandro e Richarlyson no Atlético Mineiro, e os holandeses Frank e Ronaldo De Boer.

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