Antigamente o chamado meia de armação era o
cérebro do time. A bola passava obrigatoriamente pelos seus pés. Jair da Rosa
Pinto, Zizinho, Didi, Gérson e Rivelino foram maestro no setor. Colocavam companheiros
de ataque na cara do gol adversário com lançamentos milimétricos de 30 ou 40 metros .Também era
cobradores oficiais de faltas de suas equipes.
O meia de armação era conhecido também como
meia-esquerda, porque a maioria da posição era canhoto. Alguns vestiam a camisa
10 e outros a 8. Valdir Pereira, o Didi, foi camisa 8 daquele lendário time do
Botafogo do Rio na década de 60, e morreu no dia 12 de maio de 2001, aos 71
anos de idade.
Que baita time tinha o Botafogo nas décadas de
50 e 60! Abastecia Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo e era só correr
para o abraço. Foi ele também o inventor da folha seca, estilo que consiste na
colocação de efeito da bola provocando mudança na trajetória, traindo goleiros
adversários. Foi assim que cansou de fazer gols jogando no Fluminense, Botafogo
e Seleção Brasileira.
Didi também costumava pegar a bola nas redes
quando seu time sofria gols e, ao levá-la ao meio de campo, estimulava
companheiros de equipe: “O placar tá zero a zero. Vamos lá e virar este jogo”,
dizia.
O currículo dele foi recheado de títulos. Os
mais significativos foram na Suécia em 1958, e Chile em 1962, quando sagrou-se
bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, em Copas.
Em 1965, aos 36 anos de idade, ainda comandava
o time do São Paulo em
campo. Orientava o posicionamento de seus companheiros e
mostrava aptidão para o cargo de treinador. No Brasil, quase não teve chances
de mostrar o seu trabalho como treinador, mas foi aplaudido na Arábia Saudita e
principalmente no Peru.
Pouco antes de adoecer, Didi morava no Canadá com
a sua filha Rebeca. Ensinava futebol para garotos nas faixas etárias sub11 e
sub13 e criticava a onda de violência no Rio de Janeiro. “No Canadá, a gente
pode passear pelas ruas e as crianças andam de bicicletas nas calçadas. Volto
ao Rio só para fugir do inverno na América do Norte” justificava na época.
De fato Didi não tinha moradia fixa. De
repente estava no Rio de Janeiro e logo mudava de idéia e ficava uns tempos na
Europa, Ásia ou Canadá. E em uma das últimas entrevistas, horrorizado com
treinadores que aplicavam forte pegada no meio de campo, reafirmava sua
identidade com o futebol de criatividade. Defendia a opção do jogador talentoso
adaptado à marcação no setor, para fechar os espaços do adversário, ao
especialista na função. “Claro que cada partida tem de ser analisada de forma
diferente. De modo geral, um pegador como cabeça-de-área basta”, ensinava, e a justificava
era detalhava: “Dá para adaptar alguém para ajudá-lo. Assim, quando a gente
tiver posse da bola, terá um jogador a mais que sabe conduzi-la bem”,
recomendava.
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