segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Oreco, um reserva de luxo

 Em selecionado com lateral-esquerdo da qualidade do saudoso Nilson Santos, a chance do reserva jogar era mínima. Só em caso de contusão, porque nas décadas de 50 e 60 jogador expulso não cumpria suspensão automática. Só ficava de fora se, no julgamento, fosse penalizado.
 Assim, o gaúcho Oreco, também falecido, sabia que seria um turista na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, ano do primeiro título mundial em que ele fez parte de um grupo competente de reservas formado por Castilho; Djalma Santos (só jogou na final), Mauro, Zózimo e Oreco; Dino Sani e Moacir; Joel, Mazola, Dida e Pepe. E em 1962, na conquista do bi, embora esbanjasse vitalidade e se sobressaísse na marcação, Oreco perdeu o lugar de reserva para o alagoano Altair, jogador do Fluminense incluído no time B, que tinha Castilho; Jair Marinho, Belini, Jurandyr e Altair; Zequinha e Mengálvio; Jair da Costa, Coutinho, Amarildo (jogou no lugar de Pelé) e Pepe.
 Naquela época, presidentes de clubes esbravejavam quando julgavam que jogador selecionável de seu elenco havia sido injustiçado. Num período de acirrada rivalidade entre paulistas e cariocas, o então presidente do Corinthians, Wadih Helou, dizia que jogadores de clubes do Rio de Janeiro eram privilegiados pelo fato de a antiga CBD (Confederação Brasileira de Depostos) ter sede no Rio.
 Oreco morreu no dia 3 de abril de 1985 em Ituverava (SP), na iminência de completar 53 anos de idade. O coração travou e dele restou uma história de profissional aplicadíssimo no trabalho e com fatos inusitados ao longo da carreira. Um deles cita que o Inter de Santa Maria (RS) - clube que o revelou como zagueiro - concordou com a proposta do Inter portoalegrense de liberá-lo em troca da construção de um muro ao redor do campo.
 Lá, devidamente adaptado à lateral-esquerda, conquistou títulos durante sete anos e despertou interesse da Portuguesa, que enviou um cartola a Porto Alegre (RS) para desfecho da negociação em 1957. Só que o Corinthians foi mais ágil e atravessou o negócio com proposta melhor.
 Na capital paulista, o futebol de Oreco se consolidou e começaram a surgir convocações à Seleção Brasileira, embora tivesse pouca chance de jogar. Ele ficou no Corinthians até 1965 sem o gostinho de comemorar títulos. No histórico de 404 jogos a torcida o isentou de cobranças, apesar do jejum de títulos. A costumeira raça, inerente dos gaúchos, sempre foi reconhecida.
 Oreco marcava por zona e raramente um ponteiro ganhava o duelo nas disputas que travavam. E tinha vantagem de cobrir bem o miolo de zaga, aproveitando a boa impulsão para ganhar jogadas pelo alto. E mais: tinha relativa técnica para fazer a bola sair limpa de trás.

 O lateral jogou num time corintiano com um     quinteto ofensivo famoso, mas pouco prático: Roberto Bataglia, Silva, Nei, Rafael e Ferreirinha. 

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