Em selecionado com lateral-esquerdo da
qualidade do saudoso Nilson Santos, a chance do reserva jogar era mínima. Só em
caso de contusão, porque nas décadas de 50 e 60 jogador expulso não cumpria
suspensão automática. Só ficava
de fora se, no julgamento, fosse penalizado.
Assim, o gaúcho Oreco, também falecido, sabia
que seria um turista na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, ano do primeiro
título mundial em que ele fez parte de um grupo competente de reservas formado
por Castilho; Djalma Santos (só jogou na final), Mauro, Zózimo e Oreco; Dino
Sani e Moacir; Joel, Mazola, Dida e Pepe. E em 1962, na conquista do bi, embora
esbanjasse vitalidade e se sobressaísse na marcação, Oreco perdeu o lugar de
reserva para o alagoano Altair, jogador do Fluminense incluído no time B, que
tinha Castilho; Jair Marinho, Belini, Jurandyr e Altair; Zequinha e Mengálvio;
Jair da Costa, Coutinho, Amarildo (jogou no lugar de Pelé) e Pepe.
Naquela época, presidentes de clubes esbravejavam
quando julgavam que jogador selecionável de seu elenco havia sido injustiçado. Num
período de acirrada rivalidade entre paulistas e cariocas, o então presidente
do Corinthians, Wadih Helou, dizia que jogadores de clubes do Rio de Janeiro
eram privilegiados pelo fato de a antiga CBD (Confederação Brasileira de Depostos) ter sede no Rio.
Oreco morreu no dia 3 de abril de 1985 em
Ituverava (SP), na iminência de completar 53 anos de idade. O coração travou e dele
restou uma história de profissional aplicadíssimo no trabalho e com fatos inusitados
ao longo da carreira. Um deles cita que o Inter de Santa Maria (RS) - clube que
o revelou como zagueiro - concordou com a proposta do Inter portoalegrense de
liberá-lo em troca da construção de um muro ao redor do campo.
Lá, devidamente adaptado à lateral-esquerda, conquistou
títulos durante sete anos e despertou interesse da Portuguesa, que enviou um
cartola a Porto Alegre (RS) para desfecho da negociação em 1957. Só que o
Corinthians foi mais ágil e atravessou o negócio com proposta melhor.
Na capital paulista, o futebol de Oreco se
consolidou e começaram a surgir convocações à Seleção Brasileira, embora
tivesse pouca chance de jogar. Ele ficou no Corinthians até 1965 sem o gostinho
de comemorar títulos. No histórico de 404 jogos a torcida o isentou de
cobranças, apesar do jejum de títulos. A costumeira raça, inerente dos gaúchos,
sempre foi reconhecida.
Oreco marcava por zona e raramente um ponteiro
ganhava o duelo nas disputas que travavam. E tinha vantagem de cobrir bem o
miolo de zaga, aproveitando a boa impulsão para ganhar jogadas pelo alto. E
mais: tinha relativa técnica para fazer a bola sair limpa de trás.
O lateral jogou num time corintiano com
um quinteto ofensivo famoso, mas
pouco prático: Roberto Bataglia,
Silva, Nei, Rafael e Ferreirinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário