domingo, 9 de agosto de 2015

Beto Fuscão, zagueiro discutível

 Historicamente chegam à Seleção Brasileira jogadores de condições técnicas discutíveis, e um dos exemplos foi o zagueiro Beto Fuscão, um negro alto e forte, com militância no futebol nas décadas de 70 e 80. Fuscão era um beque que se prevalecia nas jogadas pelo alto e tinha deficiências no chão. A lentidão nas coberturas era conseqüência da falta de velocidade para a função. Apesar disso, por sete anos consecutivos foi titular absoluto no Grêmio (RS) e, de 1977 a 1981, foi ídolo da torcida palmeirense, ora jogando ao lado de Alfredo Mostarda, ora de Jair Gonçalves.
 Em 1976, quando o técnico Osvaldo Brandão (já falecido) havia feito significativa renovação na Seleção Brasileira, visando preparação à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, apostou no vigor físico do catarinense Beto Fuscão, e o levou aos Estados Unidos para a disputa do Torneio Bicentenário. E na vitória do Brasil sobre a Inglaterra por 1 a 0, dia 25 de maio no Estádio Coliseu, em Los Angeles, com gol de Roberto Dinamite, Beto Fuscão formou dupla de zaga com o vascaíno Miguel.
 Posteriormente, Fuscão deixou o talentoso Amaral (ex-Guarani e Corinthians) no banco de reservas na vitória brasileira por 2 a 0 sobre os Estados Unidos, ocasião em que Brandão escalou Leão; Orlando, Miguel, Beto Fuscão (Amaral) e Marinho Chagas (Getúlio); Falcão (Givanildo), Rivelino e Zico; Gil, Roberto Dinamite e Lula. O ponteiro-direito Gil, autor dos dois gols, já se diferenciava dos tradicionais pontas que faziam jogadas de fundo de campo. O então jogador do Fluminense e depois do Botafogo (RJ) tinha características de fechar em diagonal e concluía as jogadas.
 O último bom momento de Beto Fuscão no futebol foi no bom time do Palmeiras de 1978, que chegou à final do Campeonato Brasileiro. Ele ficou de fora da primeira partida da decisão, na derrota palmeirense por 1 a 0 para o Guarani, no Estádio do Morumbi, gol de pênalti cobrado por Zenon, mas voltou à equipe na segunda e decisiva partida no dia 13 de agosto, no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas, quando o placar se repetiu e o Bugre conquistou o título inédito em sua história.
 Na época, 27.087 torcedores se acotovelaram no Estádio Brinco de Ouro, pois ainda não havia sido construído o segundo lance de arquibancada à direita dos portões principais - batizado de Tobogã - que serviu para quase duplicar a capacidade de público do estádio.
 O carioca Jorge Vieira era o treinador do Palmeiras na época, e colocou em campo um time formado por Gilmar; Rosemiro, Beto Fuscão (Jair Gonçalves), Alfredo Mostarda e Pedrinho; Ivo, Toninho Vanusa e Jorge Mendonça; Sílvio, Escurinho e Nei. Daquela leva, meia Jorge Mendonça faleceu em Campinas aos 51 anos de idade, dia 18 de fevereiro de 1976, vítima de ataque cardíaco. Jorjão ou Coronel, como era conhecido, marcou 375 gols como jogador profissional, 104 deles pelo Palmeiras, 88 no Guarani, 41 na Ponte e o restante em outros clubes que passou.
 O atacante Toninho catarinense, hoje com 63 anos de idade, ficou de fora do jogo do vice-campeonato em Campinas e se fixou em São José, na Grande Florianópolis (SC), como criador de camarão. Já o meio-campista Toninho Vanusa está na capital paulista e é empresário do ramo de confecções.
 Rigoberto Costa, que nos tempos de Grêmio ganhou o apelido de Beto Fuscão, completou 65 anos de idade dia 13 de abril e está radicado em Florianópolis, sua cidade natal. Lá, ensina segredos da bola para a garotada em uma escolinha de futebol.
 Pode-se dizer que Beto Fuscão não soube dimensionar o tempo que deveria ter pendurado as chuteiras. Já sem o vigor físico a partir de 1981, quando trocou o Palmeiras pelo São José - clube do interior de São Paulo -, enfrentou a tenebrosa estrada da volta do futebol, com passagens por Araçatuba (SP), Ferroviária de Araraquara (SP), Uberaba (MG) e Tiradentes (DF) até 1984, naturalmente sem o rendimento de outrora. 

      

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