A caixa torácica avantaja do ex-zagueiro
Cléber do Palmeiras, da década de 90, rendeu-lhe habituais conotações de
armário, guarda-roupa, muralha e até xerife, embora não fosse jogador botinudo.
Fosse briguento, esmagaria o então destemperado Edmundo do Vasco, que lhe
desferiu um coice na primeira partida da final do Campeonato Brasileiro de
1997.
A violência de Edmundo foi caso pensado das
então tramóias do Vasco. Naquele primeiro jogo da finalíssima contra o Verdão,
dia 14 de dezembro, em São
Paulo , o atleta havia sido penalizado com o terceiro cartão
amarelo, e logo surgiu orientação do banco de reservas para que provocasse
expulsão, projetando-se facilidade para se obter efeito suspensivo nas
costumeiras maracutaias da CBF.
O equilibrado Cléber, 1,82m de altura, não
revidou a pancada e a partida terminou empatada sem gols, com repetição do placar
no jogo de volta dia 21, no Rio de Janeiro, resultado que assegurou o título
nacional ao Vasco. O vice-campeão Palmeiras teve essa formação: Veloso; Pimentel,
Roque Júnior, Cléber e Júnior; Galeano, Rogério, Alex e Zinho; Euller e Viola
(Oséas).
Curioso é que Cléber e Edmundo haviam sido companheiros
no Palmeiras em 1993, quando a co-gestora Parmalat propiciou montagem de
renomada equipe. Antes disso a história de Cléber Américo da Conceição no
futebol começou como atacante aprovado em teste no juvenil do Atlético Mineiro
em 1986, mas perceberam a aptidão dele para a zaga, e assim chegou ao
profissional três anos depois mostrando excelente impulsão, tempo de bola para
antecipação e lucidez para sair jogando.
Clébão teve histórico de 13 jogos na Seleção
Brasileira quando atuava no Galo mineiro, Logroñes da Espanha e Palmeiras, após
substituir o instável Tonhão. E lá ficou até 1999, ano marcado pelo título da
Libertadores. Na final contra o Deportivo Cali, da Colômbia, os mandantes colombianos
venceram por 1 a
0. Já os palmeirenses descontaram em São Paulo com vitória por 2 a 1. Na definição dos
pênaltis deu Verdão: 4 a
3.
Foi a Libertadores do goleiro ‘São Marcos’,
que defendeu pênalti cobrado por Vampeta na definição através deste expediente pelas
quartas-de-final. A vitória embalou o time do treinador Luiz Felipe Scolari,
que tinha esta formação: Marcos; Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Galeano,
César Sampaio, Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oséas.
No Mundial de Clubes o Palmeiras perdeu para o
Manchester por 1 a
0 com Clebão na reserva, visto que voltava de lesão. Em 2000 ele foi jogar no
Cruzeiro e depois passou por Santos, Yverdon da Suíça e Figueirense, antes de
encerrar a carreira no São Caetano. Em 2010 tentou ser treinador no Rio Claro, e
ficou na função até 2013, no Poços de Calda.
Cléber, nascido em 26 de junho de 1969, foi
carregador em supermercado aos 13 anos de idade. Depois trabalhou em fábrica de
linguiça.