domingo, 12 de julho de 2015

Um ano sem o árbitro Armando Marques

 Este 17 de julho marca o primeiro ano da morte do ex-árbitros de futebol Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, vítima de insuficiência renal aos 84 anos de idade. A última aparição dele em público em 2014 havia sido no dia 21 de abril entrevistado por Jô Soares na TV Globo, ocasião em que, embora fragilizado fisicamente, mantinha velocidade de raciocínio e confessou nunca ter medo na vida. “Eu agradeço a Deus porque ele me privou do sentimento do medo”.
 Fama e facilidade de comunicação deram a Armando Marques um programa de variedades na extinta Rede Manchete de Televisão em 1993, num esquema de rodízio entre apresentadores: o Show da Manchete. Ele o apresentava nas noites de segundas-feiras, enquanto nos outros dias o comando era alternado por Otávio Mesquita, Ivon Curi, Monique Evan e Rosana Hermman.
 Na ocasião, ao investir maciçamente em jornalismo, teledramaturgia, esportes e entretenimento, a TV Manchete incomodava a Rede Globo de Televisão. O jornal noturno da emissora, apresentado pelo casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, tinha uma hora de duração. O programa Documento Especial era a marca do jornalismo investigativo. Atores consagrados como Maitê Proença e Gracindo Júnior alavancaram a audiência da novela ‘Dona Beija’, mas o pico no Ibope foi alcançado na dramaturgia Pantanal. O saudoso estilista Clodovil Hernandes e as apresentadoras Xuxa e Angélica participaram da grade da programação.
 Como árbitro, tecnicamente Armando Marques foi tido como um dos melhores nas décadas 60 e 70, apesar de erros crassos na carreira. Santos e Portuguesa dividiram o título do Campeonato Paulista de 1973, porque na definição através de cobranças de pênaltis o time santista vencia por 2 a 0 o árbitro deu a partida por encerrada quando a Lusa ainda tinha chances de sair vencedora. Assim, restou à Federação Paulista de Futebol premiar os dois clubes.
 Na decisão do Paulistão de 1971 Armando Marques anulou gol legítimo de cabeça do palmeirense Leivinha contra o São Paulo, interpretando que o atacante havia usado a mão. O erro foi determinante para que o Tricolor paulista ficasse com o título da competição.
 Num período em que atletas eram identificados predominantemente pelos apelidos, Armando Marques os chamavam pelo prenome. Pelé, por exemplo, era senhor Edson, que ele ousou expulsar num jogo contra o São Paulo em 1963.
 Embora educado, Armando Marques repreendia os atletas energicamente para manter a disciplina. Tinha o hábito de adverti-los com dedo em riste no rosto, e por isso levou um soco do lateral-esquerdo Nilton Santos, já falecido.

 Por causa de trejeitos nos gramados, o público nos estádios, predominantemente conservador, entoava o coro de ‘bicha’. Seja como for, o certo é que Armando Marques morreu solteiro.

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