Este 17 de julho marca o primeiro ano da morte
do ex-árbitros de futebol Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, vítima de
insuficiência renal aos 84 anos de idade. A última aparição dele em público em
2014 havia sido no dia 21 de abril entrevistado por Jô Soares na TV Globo, ocasião em que, embora fragilizado
fisicamente, mantinha velocidade de raciocínio e confessou nunca ter medo na
vida. “Eu agradeço a Deus porque ele me privou do sentimento do medo”.
Fama e facilidade de comunicação deram a
Armando Marques um programa de variedades na extinta Rede Manchete de Televisão em 1993, num esquema de rodízio entre
apresentadores: o Show da Manchete. Ele o apresentava nas noites de
segundas-feiras, enquanto nos outros dias o comando era alternado por Otávio
Mesquita, Ivon Curi, Monique Evan e Rosana Hermman.
Na ocasião, ao investir maciçamente em
jornalismo, teledramaturgia, esportes e entretenimento, a TV Manchete incomodava a Rede Globo de Televisão. O jornal noturno
da emissora, apresentado pelo casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, tinha uma
hora de duração. O programa Documento Especial era a marca do jornalismo
investigativo. Atores consagrados como Maitê Proença e Gracindo Júnior
alavancaram a audiência da novela ‘Dona Beija’, mas o pico no Ibope foi
alcançado na dramaturgia Pantanal. O saudoso estilista Clodovil Hernandes e as
apresentadoras Xuxa e Angélica participaram da grade da programação.
Como árbitro, tecnicamente Armando Marques foi
tido como um dos melhores nas décadas 60 e 70, apesar de erros crassos na
carreira. Santos e Portuguesa dividiram o título do Campeonato Paulista de
1973, porque na definição através de cobranças de pênaltis o time santista
vencia por 2 a
0 o árbitro deu a partida por encerrada quando a Lusa ainda tinha chances de
sair vencedora. Assim, restou à Federação Paulista de Futebol premiar os dois
clubes.
Na decisão do Paulistão de 1971 Armando
Marques anulou gol legítimo de cabeça do palmeirense Leivinha contra o São
Paulo, interpretando que o atacante havia usado a mão. O erro foi determinante
para que o Tricolor paulista ficasse com o título da competição.
Num período em que atletas eram identificados
predominantemente pelos apelidos, Armando Marques os chamavam pelo prenome.
Pelé, por exemplo, era senhor Edson, que ele ousou expulsar num jogo contra o
São Paulo em 1963.
Embora educado, Armando Marques repreendia os
atletas energicamente para manter a disciplina. Tinha o hábito de adverti-los
com dedo em riste no rosto, e por isso levou um soco do lateral-esquerdo Nilton
Santos, já falecido.
Por causa de trejeitos nos gramados, o público
nos estádios, predominantemente conservador, entoava o coro de ‘bicha’. Seja
como for, o certo é que Armando Marques morreu solteiro.
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