segunda-feira, 6 de julho de 2015

Boleiros e técnicos argentinos se destacaram no Brasil

 O futebol argentino ganhou notoriedade pela exportação de treinadores para comandar selecionados de países sul-americanos na Copa América. Outrora o mercado brasileiro foi igualmente abastecido por treinadores e jogadores da Argentina. Nos anos 40, o São Paulo contava com o futebol elegante do zagueiro Armando Renganesch, que posteriormente se transformou em treinador qualificado na montagem de equipes, com refinado toque de bola. Mesmo destino seguiu o goleiro José Poy quando parou de jogar. O diferencial é que Poy, enquanto treinador, foi disciplinador. Exigia que o jogador estivesse em forma para render aquilo que era capaz.
 Da escola argentina também se destacaram no futebol brasileiro os técnicos Nelson Ernesto Filpo Nuñes, Jim Lopes e José Agnelli, já falecidos. O folclórico Filpo foi responsável pela academia do Palmeiras em 1965. E a identificação com o Verdão possibilitou que voltasse a comandar o time outras vezes. Lopes fez sucesso no São Paulo e Agnelli foi um ‘cigano’ no interior paulista até fixar residência em Ribeirão Preto.
 A migração de boleiros argentinos ganhou destaque nos anos 40. O Palmeiras foi buscar o clássico zagueiro Luis Villa, incapaz de dar um pontapé no adversário. Por isso, num clássico com o Corinthians, foi humilhado pelo meia Luizinho.
 O São Paulo não deixou por menos e trouxe o meia Sastre naquela mesma época para integrar um ataque formado por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. Na década de 60, na ganância de ganhar a Libertadores da América, o Palmeiras foi buscar em Buenos Aires o emérito cabeceador ‘Artime. O título não veio, mas Artime ratificou a fama de artilheiro.
 Acreditem: no mesmo período passou quase que despercebido no Juventus (SP) o então jogador Cesar Luis Menotti, que conquistou o título mundial como técnico da Seleção Argentina na Copa do Mundo de 1978.
 Os exemplos bem sucedidos de argentinos no Brasil animaram o Santos a contratá-los. Assim vieram o zagueiro Ramos Delgado e o goleiro Cejas entre as décadas de 60 e 70. Ramos Delgado tinha o tempo exato da bola para o desarme sem recorrer às faltas. Lembrava o estilo do saudoso Mauro Ramos de Oliveira, enquanto Agostín Mario Cejas trouxe a coragem dos goleiros platinos na saída da meta para interceptar cruzamentos na grande área.
 Na mesma época o Cruzeiro se garantia na defesa com o futebol eficiente do zagueiro Perfumo, enquanto o Flamengo dependia dos gols do centroavante Doval, que os comemorava próximo ao fosso da antiga geral do Maracanã com punhos cerrados e corpo curvado para frente.

 Curioso é que nas ‘peladas’ da molecada na Argentina Doval era goleiro, e saía driblando adversários após praticar defesas. Por isso foi deslocado ao ataque. Ele sofreu enfarte e morreu em outubro de 1991 aos 46 anos de idade.

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