O futebol argentino ganhou notoriedade pela
exportação de treinadores para comandar selecionados de países sul-americanos
na Copa América. Outrora o mercado brasileiro foi igualmente abastecido por treinadores
e jogadores da Argentina. Nos anos 40, o São Paulo contava com o futebol
elegante do zagueiro Armando Renganesch, que posteriormente se transformou em
treinador qualificado na montagem de equipes, com refinado toque de bola. Mesmo
destino seguiu o goleiro José Poy quando parou de jogar. O diferencial é que
Poy, enquanto treinador, foi disciplinador. Exigia que o jogador estivesse em
forma para render aquilo que era capaz.
Da escola argentina também se destacaram no
futebol brasileiro os técnicos Nelson Ernesto Filpo Nuñes, Jim Lopes e José
Agnelli, já falecidos. O folclórico Filpo foi responsável pela academia do
Palmeiras em 1965. E a identificação com o Verdão possibilitou que voltasse a
comandar o time outras vezes. Lopes fez sucesso no São Paulo e Agnelli foi um ‘cigano’
no interior paulista até fixar residência em Ribeirão Preto.
A migração de boleiros argentinos ganhou
destaque nos anos 40. O Palmeiras foi buscar o clássico zagueiro Luis Villa,
incapaz de dar um pontapé no adversário. Por isso, num clássico com o
Corinthians, foi humilhado pelo meia Luizinho.
O São Paulo não deixou por menos e trouxe o
meia Sastre naquela mesma época para integrar um ataque formado por Luizinho,
Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. Na década de 60, na ganância de ganhar a Libertadores
da América, o Palmeiras foi buscar em Buenos Aires o emérito cabeceador ‘Artime. O
título não veio, mas Artime ratificou a fama de artilheiro.
Acreditem: no mesmo período passou quase que
despercebido no Juventus (SP) o então jogador Cesar Luis Menotti, que
conquistou o título mundial como técnico da Seleção Argentina na Copa do Mundo
de 1978.
Os exemplos bem sucedidos de argentinos no
Brasil animaram o Santos a contratá-los. Assim vieram o zagueiro Ramos Delgado
e o goleiro Cejas entre as décadas de 60 e 70. Ramos Delgado tinha o tempo
exato da bola para o desarme sem recorrer às faltas. Lembrava o estilo do saudoso
Mauro Ramos de Oliveira, enquanto Agostín Mario Cejas trouxe a coragem dos
goleiros platinos na saída da meta para interceptar cruzamentos na grande área.
Na mesma época o Cruzeiro se garantia na
defesa com o futebol eficiente do zagueiro Perfumo, enquanto o Flamengo
dependia dos gols do centroavante Doval, que os comemorava próximo ao fosso da antiga
geral do Maracanã com punhos cerrados e corpo curvado para frente.
Curioso é que nas ‘peladas’ da molecada na
Argentina Doval era goleiro, e saía driblando adversários após praticar
defesas. Por isso foi deslocado ao ataque. Ele sofreu enfarte e morreu em
outubro de 1991 aos 46 anos de idade.
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