domingo, 19 de julho de 2015

Atacante Parada, outro ‘rei do gatilho’

 Nos tempos de olho por olho e dente por dente também no futebol, décadas passadas, pessoas ligadas diretamente ao meio andavam armadas com revólveres como prevenção. O saudoso treinador-jornalista João Saldanha ameaçou Yustrich, técnico do Flamengo que já morreu, no Retiro dos Padres no Rio de Janeiro, após ter sido criticado duramente durante as Eliminatórias à Copa do Mundo de 1970. Anos depois surgiu no futebol o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschilia, já falecido, que chegava aos estádios com arma à mostra na cintura. O ex-jogador Mário Sérgio Pontes de Paiva justificou o apelido de ‘Rei do Gatilho’ porque em 1979 espalhou rodinha de torcedores do São José nas proximidades do ônibus que conduzia a delegação do São Paulo no Vale do Paraíba, ao sacar um revólver e disparar tiros para o alto após derrota do time são-paulino por 1 a 0.
 Exemplos estão aí aos montes de boleiros prevenidos com armas de fogo antes da vigência da lei 10.826 do Estatuto do Desarmamento, sancionada em dezembro de 2003. O centroavante Antonio Parada Neto, na passagem pelo Guarani em 1967, sacou um revólver e deu tiros para espantar torcedores da Portuguesa Santista que ameaçaram jogadores bugrinos após jogo no Estádio Ulrico Mursa, em Santos.
 Aos 66 anos de idade, Parada é um homem tranquilo que fixou residência na capital paulista, comportamento que contrasta com o seu tempo de atleta iniciado em 1957 no Palmeiras. Três anos depois, trocado pelo goleiro Rosan, foi jogar na Ferroviária de Araraquara (SP), mas a carreira decolou mesmo no Bangu a partir de 1963 quando atuou num time formado por Ubirajara; Élcio, Mário Tito, Zózimo e Nilton; Ocimar e Roberto Pinto; Paulo Borges, Bianchi, Parada e Matheus.
 Parada foi um atacante estilo clássico e com frieza para conclusões. Por isso teve passagem marcante no Botafogo (RJ) em 1966, ano do título do Torneio-Rio São Paulo no time dirigido por Admildo Chirol que tinha Manga; Paulistinha, Zé Carlos, Dimas e Rildo; Elton e Gérson; Jairzinho, Bianchini, Parada e Roberto. Na ocasião ele foi artilheiro da competição com oito gols. Na prática, Botafogo, Corinthians, Santos e Vasco terminaram a disputa com 11 pontos, mas o ‘Fogão’ se prevaleceu no critério saldo de gols que não constava inicialmente no regulamento.
 No Guarani em 1967, Parada estreou com gol contra a Ferroviária no empate por 1 a 1 em Araraquara, mas posteriormente foi criticado pela torcida por causa da lentidão. Foram 29 jogos e dez gols marcados, quatro deles de pênaltis. Eis o time da época comandado por Aparecido Silva: Dimas; Cido Jacaré, Paulo, Tarciso e Miranda; Bidon e Milton dos Santos; Osvaldo, Zé Roberto, Parada e Carlinhos.

 Parada voltou ao Bangu, teve passagem discretíssima pelo Corinthians e perambulou por clubes do Norte do país até 1975 quando encerrou a carreira.

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