Volante brucutu é coisa da década de 80 pra
cá. Antes disso quem vestia a camisa cinco também tinha que saber jogar, além
da natural capacidade de marcação. E um exemplo típico de quem unia o útil ao
agradável foi o saudoso Pompolini, que se despontou no fantástico Botafogo do
Rio de Janeiro da década de 60 e foi capitão da equipe naquele memorável título
estadual de 1957, com goleada sobre o Fluminense na partida final por 6 a 2,
cinco gols do centroavante Paulinho Valentim, um deles de bicicleta, com
Garrincha completando o placar para os botafoguenses.
Aquele placar foi o maior já registrado em
finais do Campeonato Carioca na era do profissionalismo e, no time do
Fluminense jogavam, entre outros, o goleiro Castilho, zagueiro Pinheiros e
atacantes Telê Santana e Escurinho. O jogo disputado no dia 22 de dezembro
daquela temporada, no Estádio do Maracanã, teve público de 89.100 pagantes, que
contrasta com esta temporada quando o recorde de público no mesmo local foi na
decisão estadual com 66.156 torcedores, na vitória do Vasco sobre os
botafoguenses por 2 a 1, resultando no título ao time cruzmaltino.
A discussão inevitável é como pode ter
encolhido o público nos estádios após 58 anos? Motivos sobejamente conhecidos
são crescente violência de torcedores, ineficiência ou falta de transporte
público, estacionamento, carros riscados ou furtados, elevado preço de
ingressos e produtos vendidos no interior de estádios, televisionamento ao vivo
de jogos, falta de partidas preliminares, etc.
Américo Pampolini Filho atuou na época
romântica do futebol. Nascido em Belo Horizonte na véspera do Natal de 1932,
teve rápida passagem pelo Cruzeiro antes de chegar ao Botafogo em 1955, onde
formou dupla de meio de campo com mestre Didi. Conta o jornalista e historiador
mineiro Plínio Barreto que Pampolini tinha bom domínio de bola e chute forte.
Logo, o conjunto de virtudes foi preponderante para que o então treinador da
Seleção Brasileira, o saudoso Vicente Feola, o convocasse à Copa do Mundo de
1958, mas uma lesão durante a preparação em estância hidromineral da cidade
mineira de Araxá motivou o corte da relação de jogadores.
Foi um período em que o volante era chamado de
centro-médio, e a trajetória de Pampolini no Botafogo se estendeu até 1962,
quando se transferiu à Portuguesa para formar dupla na ‘meiúca’ com Nair. E o
falecido treinador Aimoré Moreira, que o indicou à Lusa, não se arrependeu. O
jogador foi um dos destaques do vice-campeonato paulista em 1964, num time que
contava, entre outros, com Félix, Jair Marinho, Ditão, Henrique Frade e Ivair.
Na estrada da volta no futebol Pampolini jogou
no Taubaté em 1966, mas encerrou a carreira dois anos depois na Lusa. Ele
faleceu no dia 20 de dezembro de 2006 no Rio de Janeiro, vítima de ataque
cardíaco.
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