domingo, 31 de maio de 2015

Pampolini, centro-médio que marcava e jogava

 Volante brucutu é coisa da década de 80 pra cá. Antes disso quem vestia a camisa cinco também tinha que saber jogar, além da natural capacidade de marcação. E um exemplo típico de quem unia o útil ao agradável foi o saudoso Pompolini, que se despontou no fantástico Botafogo do Rio de Janeiro da década de 60 e foi capitão da equipe naquele memorável título estadual de 1957, com goleada sobre o Fluminense na partida final por 6 a 2, cinco gols do centroavante Paulinho Valentim, um deles de bicicleta, com Garrincha completando o placar para os botafoguenses.
 Aquele placar foi o maior já registrado em finais do Campeonato Carioca na era do profissionalismo e, no time do Fluminense jogavam, entre outros, o goleiro Castilho, zagueiro Pinheiros e atacantes Telê Santana e Escurinho. O jogo disputado no dia 22 de dezembro daquela temporada, no Estádio do Maracanã, teve público de 89.100 pagantes, que contrasta com esta temporada quando o recorde de público no mesmo local foi na decisão estadual com 66.156 torcedores, na vitória do Vasco sobre os botafoguenses por 2 a 1, resultando no título ao time cruzmaltino.
 A discussão inevitável é como pode ter encolhido o público nos estádios após 58 anos? Motivos sobejamente conhecidos são crescente violência de torcedores, ineficiência ou falta de transporte público, estacionamento, carros riscados ou furtados, elevado preço de ingressos e produtos vendidos no interior de estádios, televisionamento ao vivo de jogos, falta de partidas preliminares, etc.
 Américo Pampolini Filho atuou na época romântica do futebol. Nascido em Belo Horizonte na véspera do Natal de 1932, teve rápida passagem pelo Cruzeiro antes de chegar ao Botafogo em 1955, onde formou dupla de meio de campo com mestre Didi. Conta o jornalista e historiador mineiro Plínio Barreto que Pampolini tinha bom domínio de bola e chute forte. Logo, o conjunto de virtudes foi preponderante para que o então treinador da Seleção Brasileira, o saudoso Vicente Feola, o convocasse à Copa do Mundo de 1958, mas uma lesão durante a preparação em estância hidromineral da cidade mineira de Araxá motivou o corte da relação de jogadores.
 Foi um período em que o volante era chamado de centro-médio, e a trajetória de Pampolini no Botafogo se estendeu até 1962, quando se transferiu à Portuguesa para formar dupla na ‘meiúca’ com Nair. E o falecido treinador Aimoré Moreira, que o indicou à Lusa, não se arrependeu. O jogador foi um dos destaques do vice-campeonato paulista em 1964, num time que contava, entre outros, com Félix, Jair Marinho, Ditão, Henrique Frade e Ivair.
 Na estrada da volta no futebol Pampolini jogou no Taubaté em 1966, mas encerrou a carreira dois anos depois na Lusa. Ele faleceu no dia 20 de dezembro de 2006 no Rio de Janeiro, vítima de ataque cardíaco.



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