A ressurreição da Ferroviária de Araraquara,
caçula do Campeonato Paulista da Séria A1 de 2016, abre discussões se clubes
tradicionais do interior de São Paulo se fortalecem para reassumir antigas
posições e se aqueles originários de funcionários de ferrovias estão se
reorganizando.
A Ferroviária conquistou título da Séria A2 do
Campeonato Paulista, e conseqüente acesso ao Paulistão duas rodadas antes do
término da competição. Isso se explica pelo novo modelo de gestão que
transformou o clube em sociedade anônima no início do século, e que em 2007, na
Série A3, já havia garantido acesso à A2. Todavia, instabilidades naturais
implicaram em rebaixamento e novo acesso em 2010 e 2011 respectivamente.
Outros clubes oriundos de ferroviários padecem
ou desapareceram. Ainda na década de 60, Estrada de Ferroviários Sorocaba F.C.,
do interior paulista, sucumbiu. A Ferroviária de Botucatu (SP), da alta
sorocabana e que revelou o lateral-direito Zé Maria do Corinthians, há décadas
fez a reversão para o amadorismo.
Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, e
Ferroviário A.C, de Fortaleza (CE), com histórico na principal competição
nacional, hoje estão relegados a competições regionais. Portanto, dos clubes
ferroviários, relevância apenas para os araraquarenses que marcaram história no
futebol paulista na década de 60, quando abasteciam grandes clubes do Estado
com talentos que brotavam por lá.
O Palmeiras se reforçou duplamente nas buscas
dos ponteiros-esquerdos Piu e posteriormente Nei, ambos rápidos e hábeis. O São
Paulo reviveu a dupla de área araraquarense com o meia-direita Maritaca e o
centroavante Téia, que chegou ao Morumbi recomendado pelos 20 gols e a
conseqüente condição de artilheiro do Paulistão de 1968 pela Ferroviária. Dos
100 jogos do atacante disputados pelo clube grená, o historiador Marcelo Cirino
contabilizou 61 gols, parte significativa de cabeça, especialidade do jogador.
Da Ferroviária também saiu para o Corinthians,
nos anos 70, o meia Bazzani, falecido em 2007, que conciliava seu consultório
odontológico com o futebol. Bazzani colocava as coisas nos seus devidos lugares
sem se preocupar com melindres. Por isso falou abertamente ao então volante
Bebeto de Oliveira - preparador físico de renome no futebol brasileiro - para
se restringir à marcação.
- Bebeto, não queira ser ousado para organizar
jogadas porque você não sabe. Corra e me entregue a bola. O resto deixa que eu
penso - dizia Bazzani sem o menor constrangimento. Ele fez parte do time da
Ferroviária de 1968 formado por Carlos Alberto; Baiano, Fernando, Rossi e
Fogueira; Bebeto e Bazzani; Peixinho, Maritaca, Téia e Pio.
Entre outros ídolos da Ferroviária destacam-se
os goleiros Galdino Machado e Rosan (falecido em março passado), e os atacantes
Lance, Tales e Volnei.
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