segunda-feira, 20 de abril de 2015

Dos clubes de ferroviários, Araraquara está de pé

 A ressurreição da Ferroviária de Araraquara, caçula do Campeonato Paulista da Séria A1 de 2016, abre discussões se clubes tradicionais do interior de São Paulo se fortalecem para reassumir antigas posições e se aqueles originários de funcionários de ferrovias estão se reorganizando.
 A Ferroviária conquistou título da Séria A2 do Campeonato Paulista, e conseqüente acesso ao Paulistão duas rodadas antes do término da competição. Isso se explica pelo novo modelo de gestão que transformou o clube em sociedade anônima no início do século, e que em 2007, na Série A3, já havia garantido acesso à A2. Todavia, instabilidades naturais implicaram em rebaixamento e novo acesso em 2010 e 2011 respectivamente.
 Outros clubes oriundos de ferroviários padecem ou desapareceram. Ainda na década de 60, Estrada de Ferroviários Sorocaba F.C., do interior paulista, sucumbiu. A Ferroviária de Botucatu (SP), da alta sorocabana e que revelou o lateral-direito Zé Maria do Corinthians, há décadas fez a reversão para o amadorismo.
 Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, e Ferroviário A.C, de Fortaleza (CE), com histórico na principal competição nacional, hoje estão relegados a competições regionais. Portanto, dos clubes ferroviários, relevância apenas para os araraquarenses que marcaram história no futebol paulista na década de 60, quando abasteciam grandes clubes do Estado com talentos que brotavam por lá.
 O Palmeiras se reforçou duplamente nas buscas dos ponteiros-esquerdos Piu e posteriormente Nei, ambos rápidos e hábeis. O São Paulo reviveu a dupla de área araraquarense com o meia-direita Maritaca e o centroavante Téia, que chegou ao Morumbi recomendado pelos 20 gols e a conseqüente condição de artilheiro do Paulistão de 1968 pela Ferroviária. Dos 100 jogos do atacante disputados pelo clube grená, o historiador Marcelo Cirino contabilizou 61 gols, parte significativa de cabeça, especialidade do jogador.
 Da Ferroviária também saiu para o Corinthians, nos anos 70, o meia Bazzani, falecido em 2007, que conciliava seu consultório odontológico com o futebol. Bazzani colocava as coisas nos seus devidos lugares sem se preocupar com melindres. Por isso falou abertamente ao então volante Bebeto de Oliveira - preparador físico de renome no futebol brasileiro - para se restringir à marcação.
 - Bebeto, não queira ser ousado para organizar jogadas porque você não sabe. Corra e me entregue a bola. O resto deixa que eu penso - dizia Bazzani sem o menor constrangimento. Ele fez parte do time da Ferroviária de 1968 formado por Carlos Alberto; Baiano, Fernando, Rossi e Fogueira; Bebeto e Bazzani; Peixinho, Maritaca, Téia e Pio.
 Entre outros ídolos da Ferroviária destacam-se os goleiros Galdino Machado e Rosan (falecido em março passado), e os atacantes Lance, Tales e Volnei.



Nenhum comentário: