domingo, 14 de dezembro de 2014

Um ano sem Nilton Santos, a enciclopédia

 Em 16 de maio de 2005, quando Nilton Santos completou 80 anos de idade, a coluna o homenageou em vida. No dia 27 de novembro de 2013, data de falecimento dele, o texto foi recapitulado com adaptações. Agora, um ano depois do desaparecimento, poucos se lembraram do lateral-esquerdo da seleção do século XX, em votação de jornalistas no mundo inteiro. Ele aliava o estilo clássico à eficiente na marcação. Logo, era incapaz de dar um bico na bola.
 Antes de adoecer, com quase o dobro do peso dos tempos de jogador e sem o bigode ralo, coordenava uma escolinha para meninos do Distrito Federal. Já impaciente, se irritava com partidas de futebol truncadas e técnicos adeptos às retrancas.
 Nos tempos em que era terminantemente proibido laterais passarem do meio de campo, Nilton Santos contrariava a orientação e se mandava ao ataque. Foi assim que marcou três gols pela Seleção Brasileira, nos 85 jogos disputados.
 A biografia aponta início em Seleção Brasileira no dia 17 de abril de 1949, na goleada por 5 a 0 sobre o selecionado colombiano. Um ano depois foi reserva na Copa do Mundo no Brasil e titular absoluto de 1954 a 1962. A vitória por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, na final em Santiago, no Chile, teve duplo significado: consagração do bicampeonato e despedida da Seleção aos 37 anos de idade.
 A malandragem de Nilton Santos, identificado como a enciclopédia do futebol, foi determinante para a conquista do bi. Na terceira partida da competição, contra a Espanha, o Brasil perdia por 1 a 0, gol de Abelardo, e ao cometeu pênalti - pelo menos um metro dentro da área - sobre um espanhol, ele levantou os braços, adiantou-se e induziu o árbitro chileno Sergio Bustamante - mal colocado no lance - a marcar apenas a falta.
 Com o erro da arbitragem e o futebol endiabrado de Garrincha, o Brasil conseguiu reverter o placar e vencer por 2 a 1, dois gols do também botafoguense Amarildo.
 Depois daquilo, Nilton Santos ainda jogou mais dois anos pelo Botafogo-RJ. Pendurou as chuteiras em 16 de dezembro de 1964, na vitória por 1 a 0 sobre o Bahia, fechando, portanto, uma história de 17 anos como jogador de um só clube: seu amado Botafogo-RJ, onde disputou 729 partidas e marcou 11 gols.
 Em 1947, quando se apresentou no Botafogo-RJ, Nilton Santos treinou como atacante, mas foi mandado para a defesa por ordens do lendário dirigente Carlito Rocha.

 Experiência amarga foi vivida em 1956, num treino do Botafogo, quando teve de marcar um ponteiro-direito de pernas tortas. E o atrevido Mané Garrincha passou a bola entre as pernas dele, que atribuiu o lance ao acaso. Na seqüência, outra ‘caneta’ e dribles desconcertantes. Ao final do treino, o lateral chamou um dirigente do clube e ordenou a contratação do rapaz do município Pau Grande, no Estado do Rio de Janeiro. O resto da história o mundo conhece.

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