É natural que você tenha esquecido da morte do
lendário argentino naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano no dia e junho deste
ano, em decorrência problemas cardíacos, às véspera da Copa do Mundo no Brasil.
Di Stéfano tinha 88 anos de idade e a história
mostra que antes da aparição de Pelé - indiscutivelmente o melhor jogador de
futebol do planeta -, todas as honras do topo se concentravam em Di Stéfano.
Paradoxalmente, este gênio do futebol não
disputou uma Copa do Mundo sequer. Quando defendia o River Plate da Argentina,
a partir de 1945, participou do Sul-Americano de Clubes de 1948, ocasião em que
marcou quatro gols. Um ano depois o futebol argentino enfrentou uma greve de
jogadores que reivindicavam melhores condições de trabalho, porque a pauta
elaborada de negociações foi negada. Disso se aproveitou o clube Milionários da
Colômbia para levá-lo, acenando com boa proposta financeira e sem necessidade
de pagamento do passe, visto que a liga colombiana era amadora e não havia como
a Fifa intervir.
Lá, Di Stéfano participou de 292 partidas e
marcou 267 gols. Logo, chegou ao selecionado da Colômbia, onde ficou conhecido
como ‘Flecha Loira’. Por isso despertou interesse dos rivais espanhóis
Barcelona e Real Madrid, que se digladiaram para contratá-lo. E naquele impasse
surgiu proposta alternativa para que ambos se revezassem na vinculação do
jogador a cada ano durante um quadriênio. Houve discordância do Barcelona e
assim Di Stéfano se transferiu ao Real a partir de 1953.
Velocidade, habilidade e gols aos montes
consagraram este ponta-de-lança já naturalizado espanhol, que não se
constrangia com a fama de ‘fominha’, com a justificativa de que “o goleador tem
mesmo é que ser egoísta”. Só que a Espanha não se classificou à Copa do Mundo
da Suécia de 1958, e assim ele aguardou quatro anos para a competição no Chile,
jamais contando que fosse se lesionar às véspera do embarque, o que provocou o
corte da delegação.
Assim, restou continuar brilhando no Real
Madrid até 1966, quando pendurou as chuteiras, sem contudo sair do meio. Optou
por morar na Espanha e lá foi treinador de clubes e até presidente honorário do
Real.
E entre as muitas histórias que gostava de
contar, Di Stéfano ressaltava que mesmo integrando o time do River Plate teve
que serviu ao Exército argentino simultaneamente à carreira de atleta,
obrigatoriedade da época tanto lá como cá.
Talvez seja de
desconhecimento da maioria que Pelé, mesmo após ter sido campeão mundial em
1958, um ano depois foi o soldado Nascimento do Grupo Motorizado da Costa da
Praia Grande, do Exército brasileiro, conciliando a atividade de profissional
do Santos F.C. E isso se repetia aos montes com jogadores brasileiros, que
tinham naturais regalias de liberação para participação nos chamados treinos
aprontos e dias de jogos.
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