domingo, 7 de dezembro de 2014

Dalmo ficou com a fama e Geraldino esquecido

 Deu no finado jornal impresso A Gazeta Esportiva no dia 15 de novembro de 1963: ‘Sem Calvet, sem Zito, sem Pelé Santos ganhou de 4 e deu olé’. A linha fina complementou a manchete com citação de ‘gols de Pepe, Lima e Almir liquidaram o Milan’.
 É que na noite anterior o Santos havia devolvido ao Milan o placar adverso de 4 a 2 da Itália, da primeira partida da final do Mundial Interclubes. Este segundo jogo foi disputado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, diante de 132.728 pagantes. Com igualdade na pontuação e saldo de gols entre clubes, foi necessária uma terceira partida dois dias depois, no mesmo local, ocasião em que Santos venceu por 1 a 0, gol de pênalti assinalado pelo lateral-esquerdo Dalmo, que originou o bicampeonato mundial.
 Curioso é que por cinqüenta anos o lateral-esquerdo Geraldino, do Santos, conviveu silenciosamente com a injustiça do nome excluído entre os desfaques nas partidas disputadas no Brasil. Por isso reivindicou reconhecimento em entrevista ao jornal A Folha de São Paulo de novembro de 2013, durante a comemoração do cinqüentenário do bicampeonato mundial de clubes: “Todo mundo diz que o Santos teve três desfalques naquela decisão - Zito, Calvet e Pelé -, mas se esqueceram do Geraldino. Joguei a primeira partida na Itália, quando perdemos para o Milan. Só não joguei no Rio por causa de uma lesão no joelho”.
 De fato, na primeira partida daquela final o quinteto defensivo santista era composto por Gilmar; Lima, Haroldo, Calvet e Geraldino. E esta formação já havia sido registrada na reta de chegada da Libertadores da América daquela temporada: empate por 1 a 1 e goleada por 4 a 0 sobre o Botafogo (RJ) na semifinal, e vitórias diante do Boca Junior na final: 3 a 2 no Brasil e 2 a 1 na Argentina.
 Geraldino em questão não é diminutivo de Geraldo. É nome mesmo: Geraldino Antonio Martins, nascido em 11 de janeiro de 1940, em Raposos (MG). Curiosamente, na adolescência quase o futebol perde um lateral-esquerdo que desarmava sem recorrer às faltas e veloz para levar a bola ao ataque. É que ele foi seminarista e por isso ganhou o apelido de padre. E antes de se profissionalizar no Vila Nova de Nova Lima foi alfaite.
 A notoriedade no futebol implicou na transferência ao Cruzeiro em 1960, e três anos depois foi eleito o melhor lateral-esquerdo do Brasil. Por isso acabou contratado pelo Santos na maior transação até então feita por clubes mineiros. Vasco e Botafogo também estavam no páreo para contratá-lo e surpreendentemente ele manifestou interesse de continuar em Belo Horizonte, justificando família adaptada por lá.

 A transferência foi compensada com títulos paulistas do Peixe em 1964, 65 e 67. Em 1966 ele perdeu o posto de titular para Rildo, contratado ao Botafogo. E três anos depois se transferiu à Portuguesa, onde ficou por duas temporadas.

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