Deu no finado jornal impresso A Gazeta Esportiva no dia 15 de novembro
de 1963: ‘Sem Calvet, sem Zito, sem Pelé Santos ganhou de 4 e deu olé’. A linha
fina complementou a manchete com citação de ‘gols de Pepe, Lima e Almir liquidaram
o Milan’.
É que na noite anterior o Santos havia devolvido
ao Milan o placar adverso de 4 a
2 da Itália, da primeira partida da final do Mundial Interclubes. Este segundo
jogo foi disputado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, diante de 132.728
pagantes. Com igualdade na pontuação e saldo de gols entre clubes, foi
necessária uma terceira partida dois dias depois, no mesmo local, ocasião em que Santos venceu por 1 a 0, gol de pênalti
assinalado pelo lateral-esquerdo Dalmo, que originou o bicampeonato mundial.
Curioso é que por cinqüenta anos o
lateral-esquerdo Geraldino, do Santos, conviveu silenciosamente com a injustiça
do nome excluído entre os desfaques nas partidas disputadas no Brasil. Por isso
reivindicou reconhecimento em entrevista ao jornal A Folha de São Paulo de novembro de 2013, durante a comemoração do
cinqüentenário do bicampeonato mundial de clubes: “Todo mundo diz que o Santos
teve três desfalques naquela decisão - Zito, Calvet e Pelé -, mas se esqueceram
do Geraldino. Joguei a primeira partida na Itália, quando perdemos para o
Milan. Só não joguei no Rio por causa de uma lesão no joelho”.
De fato, na primeira partida daquela final o
quinteto defensivo santista era composto por Gilmar; Lima, Haroldo, Calvet e
Geraldino. E esta formação já havia sido registrada na reta de chegada da
Libertadores da América daquela temporada: empate por 1 a 1 e goleada por 4 a 0 sobre o Botafogo (RJ) na
semifinal, e vitórias diante do Boca Junior na final: 3 a 2 no Brasil e 2 a 1 na Argentina.
Geraldino em questão não é diminutivo de
Geraldo. É nome mesmo: Geraldino Antonio Martins, nascido em 11 de janeiro de
1940, em Raposos (MG). Curiosamente, na adolescência quase o futebol perde um
lateral-esquerdo que desarmava sem recorrer às faltas e veloz para levar a bola
ao ataque. É que ele foi seminarista e por isso ganhou o apelido de padre. E
antes de se profissionalizar no Vila Nova de Nova Lima foi alfaite.
A notoriedade no futebol implicou na
transferência ao Cruzeiro em 1960, e três anos depois foi eleito o melhor
lateral-esquerdo do Brasil. Por isso acabou contratado pelo Santos na maior
transação até então feita por clubes mineiros. Vasco e Botafogo também estavam
no páreo para contratá-lo e surpreendentemente ele manifestou interesse de
continuar em Belo
Horizonte , justificando família adaptada por lá.
A transferência foi compensada com títulos paulistas
do Peixe em 1964, 65 e 67. Em 1966 ele perdeu o posto de titular para Rildo,
contratado ao Botafogo. E três anos depois se transferiu à Portuguesa, onde
ficou por duas temporadas.
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