A decadência da Portuguesa de Desportos nos
remete à coluna publicada em 13 de março de 2006, quando o torcedor do clube apenas
havia sido consolado com o histórico glorioso. Nas décadas de 40 e 50 passou
pela Lusa o lendário Pinga, um meia-esquerda rápido, driblador e principal
goleador de todos os tempos com 190 gols. O prestígio rendeu-lhe atribuição de
garoto propaganda do comercial da Gillette. Ele jogou ao lado de Júlio Botelho,
o ponteiro-direito Julinho, já falecido.
Na década de 60, a Portuguesa mostrou ao país
os pontas-de-lança Leivinha e Servílio (falecido), eméritos cabeceadores. Quase
simultaneamente surgiram o habilidosíssimo Ivair - apelidado de ‘o príncipe’ -,
meia-esquerda Nair, baixinho Ratinho (falecido) que vestia a camisa 7,
lateral-direito Jair Marinho e os zagueiros Ditão e Marinho Perez.
A década de 70 foi marcante para a Portuguesa,
que tinha incrível facilidade para reposição de jogadores. Quando Nair foi para
o Corinthians, Basílio estava pronto para substitui-lo. O volante Lorico transferiu-se
para o Botafogo (SP), mas Badeco ocupou a posição com vantagem, e
posteriormente se transformou em delegado da Polícia Federal.
Lembram-se do ataque da Lusa em meados da
década de 70? Era formado por Xaxá, Enéas, Cabinho e Wilsinho. Xaxá, a exemplo
de Ratinho, era um baixinho rápido e está radicado nos Estados Unidos. O
centroavante Cabinho veio do América de Rio Preto (SP) e correspondeu
plenamente. Wilsinho foi um ponteiro-esquerdo funcional, num ataque que tinha
em Enéas o principal jogador.
Enéas Camargo cravou seu nome como segundo
maior artilheiro na história do clube com 179 gols. Apesar da fama de ‘dorminhoco’
em campo, provocava desespero nos adversários com dribles desconcertantes e
facilidade para bater na bola.
Ao se transferir ao Bologna da Itália, em
1979, não correspondeu. Quando ele estava na Udinese, o Palmeiras projetou recuperá-lo,
mas era flagrante a trajetória da estrada da volta após seguidas contusões no
joelho.
No XV de Piracicaba, Enéas se recusou realizar
exame antidoping depois de uma partida e foi penalizado com 90 dias de
suspensão pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF
(Confederação Brasileira de Desporto). Na ocasião, ele quebrou o vidro para
coleta de urina.
Enéas morreu aos 34 anos de idade no dia 27 de
dezembro de 1988, quando já era ex-atleta. Ele perdeu o controle de seu veículo
Monza e o colidiu na traseira de um caminhão. Aí, foram quatro meses em coma.
O último grande ídolo da Portuguesa foi Dêner,
também ponta-de-lança, que coincidentemente perdeu a vida em acidente de
automóvel no Rio de Janeiro em 1994, quando defendia o Vasco por empréstimo.
O último momento marcante da Portuguesa foi em
1996, com o vice-campeonato brasileiro. Depois, restou só paciência ao torcedor
luso.