segunda-feira, 2 de junho de 2014

Adeus ao irreverente Marinho Chagas


 Se agora o desportista é bombardeado de informações de que o lateral-esquerdo Marinho Chagas perdeu a disputa e a vida para o alcoolismo neste primeiro de junho, fiquemos então com o relato do marcante jogador das décadas de 70 e 80 em coluna publicada há dez anos.
 Marinho era irreverente dentro e fora de campo no período em que exibia vasta cabeleira loira, usava pulseiras e vestia roupas extravagantes. Em 1981, quando jogava no São Paulo, mandou recado provocativo ao então árbitro carioca José Roberto Wright, escalado para apitar a final do Campeonato Brasileiro contra o Grêmio. “Agora que os clubes do Rio foram eliminados, apite direito”. E quando lhe avisaram que Wright era faixa preta de judô, ele ironizou: “Depois que inventaram aquela máquina que cospe chumbo, não existe mais homem valente nesse mundo".
 Nos tempos em que laterais tinham como principal atribuição marcar ponteiros, nas décadas de 60 e 70, o potiguar Marinho Chagas era um insubordinado assumido. Pouco se importava com ponteiros-direitos adversários e se mandava constantemente ao ataque.
 Essa mania de deixar o setor vulnerável gerou briga feia com o então goleiro Émerson Leão, após a derrota da Seleção Brasileira para a Polônia por 1 a 0, na disputa pelo terceiro lugar da Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.
 Marinho Chagas já se lançava ao ataque desde 1969, quando se profissionalizou no Riachuelo-RN, despertando interesse inicialmente do Náutico (PE) e Botafogo-RJ, onde ganhou o apelido de 'Bruxa'. Embora destro, deu certo pelo lado esquerdo do campo com passadas largas, habilidade, facilidade para fazer a diagonal, chutar forte e fazer gols. Se na Seleção Brasileira o histórico foi de quatro gols em 38 jogos, no Fluminense, o quarto clube de sua carreira, marcou 39 gols em 93 jogos, ocasião em que atuou ao lado do atacante argentino Doval, meia Rivelino e zagueiro Edinho. Ele se transferiu às 'Laranjeiras' incluído numa troca com o lateral Rodrigues Neto, ponteiro-direito Gil e meia Paulo César Caju.
 Claro que o estilo de vida de Marinho Chagas nada tinha a ver com moradia nos Estados Unidos, para jogar no Cosmos. Por isso não ficou por lá sequer um ano e topou proposta do São Paulo, mesmo informado da resistência do técnico Carlos Alberto Silva em aceitá-lo no elenco.
 Posteriormente, ele perambulou por Bangu, Fortaleza e América-RN, onde parou de jogar em 1988. E ainda tentou ser treinador, mas logo percebeu a falta de aptidão para o cargo. A cúpula do diretório municipal do PL de Natal (RN) conseguiu persuadi-lo a se lançar candidato a vereador, mas o eleitor potiguar não o elegeu.
 Assim, Marinho projetou uma empresa de aluguel de buggys e se envolveu em confusão ao ser flagrado em blitz policial com placas falsas no veículo. Depois disso, restou ganhar cachês participando de eventos.


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