Se agora o
desportista é bombardeado de informações de que o lateral-esquerdo Marinho
Chagas perdeu a disputa e a vida para o alcoolismo neste primeiro de junho,
fiquemos então com o relato do marcante jogador das décadas de 70 e 80 em
coluna publicada há dez anos.
Marinho era
irreverente dentro e fora de campo no período em que exibia vasta cabeleira
loira, usava pulseiras e vestia roupas extravagantes. Em 1981, quando jogava no
São Paulo, mandou recado provocativo ao então árbitro carioca José Roberto
Wright, escalado para apitar a final do Campeonato Brasileiro contra o Grêmio.
“Agora que os clubes do Rio foram eliminados, apite direito”. E quando lhe avisaram
que Wright era faixa preta de judô, ele ironizou: “Depois que inventaram aquela
máquina que cospe chumbo, não existe mais homem valente nesse mundo".
Nos tempos em que
laterais tinham como principal atribuição marcar ponteiros, nas décadas de 60 e
70, o potiguar Marinho Chagas era um insubordinado assumido. Pouco se importava
com ponteiros-direitos adversários e se mandava constantemente ao ataque.
Essa mania de deixar
o setor vulnerável gerou briga feia com o então goleiro Émerson Leão, após a
derrota da Seleção Brasileira para a Polônia por 1 a 0, na disputa pelo terceiro
lugar da Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.
Marinho Chagas já se
lançava ao ataque desde 1969, quando se profissionalizou no Riachuelo-RN, despertando
interesse inicialmente do Náutico (PE) e Botafogo-RJ, onde ganhou o apelido de
'Bruxa'. Embora destro, deu certo pelo lado esquerdo do campo com passadas
largas, habilidade, facilidade para fazer a diagonal, chutar forte e fazer
gols. Se na Seleção Brasileira o histórico foi de quatro gols em 38 jogos, no
Fluminense, o quarto clube de sua carreira, marcou 39 gols em 93 jogos, ocasião
em que atuou ao lado do atacante argentino Doval, meia Rivelino e zagueiro
Edinho. Ele se transferiu às 'Laranjeiras' incluído numa troca com o lateral
Rodrigues Neto, ponteiro-direito Gil e meia Paulo César Caju.
Claro que o estilo de
vida de Marinho Chagas nada tinha a ver com moradia nos Estados Unidos, para
jogar no Cosmos. Por isso não ficou por lá sequer um ano e topou proposta do
São Paulo, mesmo informado da resistência do técnico Carlos Alberto Silva em
aceitá-lo no elenco.
Posteriormente, ele
perambulou por Bangu, Fortaleza e América-RN, onde parou de jogar em 1988. E
ainda tentou ser treinador, mas logo percebeu a falta de aptidão para o cargo. A
cúpula do diretório municipal do PL de Natal (RN) conseguiu persuadi-lo a se
lançar candidato a vereador, mas o eleitor potiguar não o elegeu.
Assim, Marinho
projetou uma empresa de aluguel de buggys e se envolveu em confusão ao ser
flagrado em blitz policial com placas falsas no veículo. Depois disso, restou ganhar
cachês participando de eventos.
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