Há dez anos ainda havia exemplo de jogador de
futebol profissional que demonstrava forte laço sentimental ao clube com
vínculo. O goleiro Paulo Vitor, cujos anos dourados foram no Fluminense na
década de 80, hesitou enquanto pôde enfrentar o seu ex-clube quando defendia o
Volta Redonda (RJ) em 1994.
Obrigado a jogar, o destino lhe reservou
defender um pênalti cobrado pelo atacante Ézio - já falecido - e a surpresa foi
o seu antigo torcedor gritar o seu nome.
“Implorei para não jogar aquela partida achando
que não agüentaria, mas fui obrigado. E lá fui nas Laranjeiras (campo do
Fluminense) lotada”, contou Paulo Vitor, recordando a iminência do encerramento
da carreira de atleta iniciada no Ceub do Distrito Federal, após período em que
foi jornaleiro.
A rigor, aquelas atuações convincentes no
Fluminense a partir de 1982 foram o passaporte para que integrasse a seleção
olímpica brasileira e posterior a principal a partir de 1984, convocado
inicialmente pelo efêmero treinador Edu Antunes e posteriormente por Evaristo
de Macedo e Telê Santana na Copa do Mundo de 1986, quando foi reserva do
goleiro Carlos. Aquela passagem resultou num histórico de oito partidas.
Na prática Paulo Vitor Barbosa de Carvalho,
paraense nascido em junho de 1957, chegou ao Fluminense em 1981, mas de cara
amargou um ano na reserva de Paulo Goulart. Depois foi absoluto na meta e
participou do tricampeonato estadual do Rio de Janeiro de 1983 a 1985, e campeão
brasileiro de 1984 juntamente com o paraguaio Romerito, reforço de peso vindo
do Cosmos dos Estados Unidos.
Pautando pela boa colocação, reflexo e
regularidade nas saídas da meta - quer com as mãos, quer com os pés, como se
auto-analisa -, Paulo Vitor brilhou no Fluminense até 1987, período em que
integrou o selecionado olímpico e acabou desligado por desentendimento com o
treinador da época Carlos Alberto Silva.
Depois disso, o goleiro começou a andança por
clubes brasileiros como Coritiba, Grêmio Maringá (PR), Remo, Paysandu e Volta
Redonda. E consciente que há vida fora dos gramados, ele cursou a Faculdade de
Educação Física no Distrito Federal, onde está radicado, e explora a facilidade
de comunicação para comentar futebol na SporTV.
Lá, Paulo Vitor fala com a autoridade de quem
foi o segundo goleiro que mais vestiu a camisa do Fluminense com 358 partidas, período
em que foi vazado 278 vezes. Em número de partidas disputadas ele só foi
superado pelo lendário goleiro Carlos Castilho, já falecido.
Paulo Vitor, que ainda mantém cabelos longos e
caído na testa, foi incisivo ao escalar o melhor time do Fluminense que viu
jogar, quando entrevistado em vídeo pelo jornalista Valderson Botelho: Paulo
Vitor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito,
Washington e Tato.
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