Diferentemente do habitual, a coluna troca o
personagem pelo fato histórico, no caso o título da Copa Brasil de 1966
conquistado pelo Cruzeiro diante do Santos. Na época suprimia-se a preposição ‘do’,
assim como muita coisa era diferente.
Hoje não se observa um árbitro apitando
seguidamente duas partidas de uma final como ocorreu na época com Armando
Marques, que na primeira partida daquela decisão expulsou Pelé após desferir
chute no volante Wilson Piazza, do Cruzeiro, e protagonizar confusão. Aí o
zagueiro Procópio ‘comprou’ as dores do companheiro, houve áspera discussão com
o santista, e ambos foram expulsos.
Na época não havia sido introduzido o cartão
vermelho e os árbitros faziam gestos característicos ou se aproximavam dos
atletas para comunicá-los da decisão. E expulsão tirava o jogador apenas da
partida em curso, sem se observar a suspensão automática. Por isso Procópio e
Pelé puderam jogar normalmente a segunda partida da final.
O Santos foi goleado por 6 a 2 no primeiro jogo daquela
final, no Estádio do Mineirão, dia 30 de novembro de 1966, com 77.325 pagantes.
Dirceu Lopes marcou três gols, enquanto Tostão, Natal e o santista Zé Carlos
contra marcaram os gols cruzeirenses. Outrora, bastava a bola resvalar num
jogador de defesa para a arbitragem registrar gol contra e não anotá-lo para
quem chutou a bola. Toninho Guerreiro marcou os dois gols do Peixe.
Na segunda partida, no Estádio do Pacaembu,
dia 7 de dezembro, bastaria um empate ao Cruzeiro para ser campeão, mas o Santos
terminou o primeiro tempo com vitória por 2 a 0, gols de Pelé e Toninho Guerreiro. Chovia
bastante, o troco dos santistas parecia consumado, e o treinador Airton Moreira,
do Cruzeiro, se recusou dar instruções à sua equipe no intervalo: “A coisa tá tão
cuim que nem sei como consertar. Então, façam aquilo que vocês acharem melhor”.
Naquele mesmo vestiário os jogadores
conversaram sobre fórmulas para virar o placar, Wilson Piazza havia se
comprometido marcar Pelé individualmente, e repentinamente João Mendonça Falcão
e Athiê Jorge Cury, presidentes da Federação Paulista de Futebol e Santos
respectivamente, procuraram o presidente cruzeirense Felício Brandi para propor
o local da terceira partida.
Ambos foram tocados dali, e aquilo serviu de
combustível para desdobramento do time mineiro no segundo tempo. E a chance para
se reduzir o placar foi desperdiçada em pênalti cobrado por Tostão e defendido
pelo goleiro santista Cláudio, já falecido. Apesar disso, o Cruzeiro chegou lá
com gols de Tostão, Dirceu Lopes e Natal: virada de 3 a 2. A defesa santista foi modificada em relação à
primeira partida. Se em Minas jogaram Gilmar, Carlos Alberto Torres, Mauro,
Oberdã e Zé Carlos; no Pacaembu foram Cláudio, Zé Carlos, Oberdã, Haroldo e
Lima.
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