segunda-feira, 3 de março de 2014

Germano e a condessa

 Décadas passadas, período em que o racismo no mundo inteiro era mais evidente, jogadores de futebol negros já se relacionavam naturalmente com mulheres brancas. Assim, o negro José Germano Sales - ponteiro-esquerdo do Milan, da Itália, nos anos 60 - iniciou namoro com uma adolescente italiana cujo pai era dono de fábrica de helicópteros, e uma das maiores fortunas daquele país.
 O conde Domenico Augusta ficou furioso com o namorico da condessa e a pressionou para que se distanciasse daquele rapaz. Como ela resistiu, ele usou a sua influência no Milan e forçou dirigentes para que emprestassem o jogador ao Palmeiras em 1965, projetando que desta forma o relacionamento do casal esfriasse.
 Ledo engano. A condessa Augusta se rebelou, fugiu do palácio, se casou, e acompanhou Germano no retorno ao Brasil, na passagem dele - mesmo sem brilho - pelo Verdão, ocasião em que alternou a camisa 11 com Rinaldo, e posteriormente a perdeu para o peruano Galhardo, que chegou em 1966. E perdeu a vaga porque não ratificou as características de atacante velocista, driblador, e com precisos cruzamentos.
 No Palmeiras, a melhor recordação de Germano foi ter participado do histórico jogo do clube representando a Seleção Brasileira contra o Uruguai, na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, com goleada dos brasileiros por 3 a 0, em 1965. Ele entrou no transcorrer da partida e marcou um dos gols. Rinaldo e Tupãzinho fizeram os outros gols, num time formado por Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario). Os uruguaios iniciaram a partida com Taibo; Cincunegui, Manciera, Varela e Caetano: Nunes e Dorksas; Franco, Silva, Salva e Espárrago.
 Posteriormente Germano foi jogar no Standard Liège da Bélgica, e lá ficou até o início dos anos 70, quando se divorciou e retornou a Minas Gerais. A condessa mudou-se para os Estados Unidos e se casou com empresário asiático que se envolveu em escândalo financeiro. Isso resultou em nova separação e ela foi morar com um médico negro que cuida de crianças deficientes.
 Germano, que morreu aos 55 anos de idade em 1997, atingiu o auge no futebol na passagem pelo Flamengo de 1958 a 1962, quando foi cogitado para ocupar a vaga de Pepe ou Zagallo na Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1962, no Chile. Tecnicamente era melhor que ambos, e não se sabe o motivo de não ter sido convocado.
 Germano levou o irmão Fio Maravilha para jogar no Flamengo, e o desengonçado e dentuço atacante caiu nas graças da torcida, e recebeu homenagem em música do cantor Jorge Bem Jor. Todavia, mal orientado, exigiu participação nos lucros e processou o artista. Hoje, Fio Maravilha é pizzaiolo nos Estados Unidos.

      

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