Décadas passadas, período em que o racismo no mundo
inteiro era mais evidente, jogadores de futebol negros já se relacionavam
naturalmente com mulheres brancas. Assim, o negro José Germano Sales -
ponteiro-esquerdo do Milan, da Itália, nos anos 60 - iniciou namoro com uma
adolescente italiana cujo pai era dono de fábrica de helicópteros, e uma das
maiores fortunas daquele país.
O conde Domenico Augusta ficou furioso com o
namorico da condessa e a pressionou para que se distanciasse daquele rapaz.
Como ela resistiu, ele usou a sua influência no Milan e forçou dirigentes para
que emprestassem o jogador ao Palmeiras em 1965, projetando que desta forma o
relacionamento do casal esfriasse.
Ledo engano. A condessa Augusta se rebelou,
fugiu do palácio, se casou, e acompanhou Germano no retorno ao Brasil, na
passagem dele - mesmo sem brilho - pelo Verdão, ocasião em que alternou a
camisa 11 com Rinaldo, e posteriormente a perdeu para o peruano Galhardo, que
chegou em 1966. E perdeu a vaga porque não ratificou as características de atacante
velocista, driblador, e com precisos cruzamentos.
No Palmeiras, a melhor recordação de Germano
foi ter participado do histórico jogo do clube representando a Seleção
Brasileira contra o Uruguai, na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o
Mineirão, com goleada dos brasileiros por 3 a 0, em 1965. Ele entrou no transcorrer da
partida e marcou um dos gols. Rinaldo e Tupãzinho fizeram os outros gols, num
time formado por Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias,
Valdemar Carabina e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho
(Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario). Os uruguaios
iniciaram a partida com Taibo; Cincunegui, Manciera, Varela e Caetano: Nunes e Dorksas;
Franco, Silva, Salva e Espárrago.
Posteriormente Germano foi jogar no Standard
Liège da Bélgica, e lá ficou até o início dos anos 70, quando se divorciou e
retornou a Minas Gerais. A condessa mudou-se para os Estados Unidos e se casou
com empresário asiático que se envolveu em escândalo financeiro. Isso resultou
em nova separação e ela foi morar com um médico negro que cuida de crianças
deficientes.
Germano, que morreu aos 55 anos de idade em
1997, atingiu o auge no futebol na passagem pelo Flamengo de 1958 a 1962, quando foi
cogitado para ocupar a vaga de Pepe ou Zagallo na Seleção Brasileira da Copa do
Mundo de 1962, no Chile. Tecnicamente era melhor que ambos, e não se sabe o
motivo de não ter sido convocado.
Germano levou o irmão Fio Maravilha para jogar
no Flamengo, e o desengonçado e dentuço atacante caiu nas graças da torcida, e recebeu
homenagem em música do cantor Jorge Bem Jor. Todavia, mal orientado, exigiu
participação nos lucros e processou o artista. Hoje, Fio Maravilha é pizzaiolo
nos Estados Unidos.
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