segunda-feira, 24 de março de 2014

Adeus a Belini, um zagueiro que ‘zagueirava’

 A coluna sempre presta homenagens a atletas falecidos recentemente e o último em referência é o zagueiro Hideraldo Luiz Belini, que imortalizou o gesto de levantar a taça com a conquista da Copa do Mundo de 1958 na Suécia pela Seleção Brasileira, numa equipe formada por Gilmar; De Sordi (Djalma Santos), Belini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.
 Naquele ano o zagueiro também estava vinculado ao Vasco e atuava numa defesa formada por Barbosa, Paulinho, Belini, Orlando e Coronel. Seis anos antes, quando chegou ao clube carioca, ganhou apoio do treinador Flávio Costa e atuou ao lado de atletas consagrados como Danilo, Augusto, Ademir de Menezes e Barbosa.
 Teria sido Belini um baita zagueiro? Não, foi um zagueiro que ‘zagueirava’, o chamado limpa trilho ou limpa área. Valia-se do vigor físico nas disputas de bola, explorava a boa estatura no jogo aéreo defensivo, e pautava-se pela regularidade.
 Se disserem que foi um zagueiro estilo clássico desminta os interlocutores. Quem teve categoria foi o contemporâneo dele Mauro Ramos de Oliveira, já falecido, coincidentemente com início de carreira no mesmo clube: Esportiva Sanjoanense, de São João da Boa Vista (SP), no final da década de 40, igualmente na zaga.
 O destino traçou a convergência deles na Seleção Brasileira no mundial de 1958, porém com Mauro como reserva imediato, justamente ele que matava a bola no peito com extrema elegância e a fazia sair de trás com classe. Curiosamente, quando Mauro trocou o São Paulo pelo Santos em 1962, seu substituto foi Belini, inicialmente formando dupla de zaga quer com Jurandir, quer com Roberto Dias, um dos melhores quarto-zagueiros de todos os tempos do futebol brasileiro, apesar da estatura de 1,71m de altura.
 Dias morreu aos 64 anos de idade, e no primeiro ano de Belini no Estádio do Morumbi ambos atuaram juntos numa equipe comandada pelo treinador Oswaldo Brandão e formada por Poy; De Sordi, Belini, Dias e Sabino; Cido e Benê; Faustino, Prado, Jair e Agenor.
 Naquela década, cartolas são-paulinos priorizaram a construção do estádio e montaram equipes ‘meia-boca’, o que provocava sobrecarga a jogadores de defesa.
 Belini participou de três edições de Copa do Mundo. Em 1962 foi reserva de Mauro na conquista do bicampeonato, no Chile. E mesmo sem justificar convocação, esteve no Mundial de 1966, na Inglaterra, ocasião em que encerrou o ciclo no selecionado, totalizando 57 partidas e 42 vitórias.
 Ele ficou mais dois anos no São Paulo, já sem a habitual regularidade, e por isso topou transferência ao Atlético Paranaense, juntando-se aos veteranos Dorval, Zé Roberto, Djalma Santos e Zequinha, os dois últimos já falecidos. Dorval atuou no lendário quinteto ofensivo do Santos formado por Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.



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