Quem vasculhar um pouco mais sobre a história
do ídolo Euzébio da Silva Ferreira, do Benfica e seleção de Portugal, morto
neste 5 de janeiro, vai observar um relato curiosíssimo: o meio-campista José
Carlos Bauer - já falecido -, enquanto olheiro do São Paulo, indicou o
centroavante ao seu clube quando ele ainda jogava em Lourenço Marques ,
cidade de Moçambique, e não foi ouvido. Por isso teria reforçado a indicação ao
húngaro Bela Guttman, treinador do Benfica em 1960.
Como Euzébio partiu para outro plano à
humanidade, fica uma interrogação sobre a versão citada. O certo é que o
volante Bauer havia mantido amizade com o seu comandante da temporada de São
Paulo de 1957, e Bela Guttman ficou orgulhoso com os três gols marcados pelo
estreante Euzébio na goleada do time de aspirantes do Benfica sobre o Atlético de
Lisboa por 4 a
0, no dia 23 de maio de 1961.
Euzébio driblava na velocidade, pegava forte
na bola e tinha a virtude dos cabeceadores. Logo, raramente passava uma partida
sem fazer gols. Por isso o histórico é de 733 gols em 745 partidas.
A mídia realça os dois gols que ele marcou na
vitória de virada do Benfica sobre o Real Madrid por 5 a 2, quando perdia por 2 a 0 em 1962, que
representaram o título europeu. Outros dois gols fundamentais foram marcados
pela seleção portuguesa sobre o Brasil, na vitória por 3 a 1 válida pela Copa do Mundo
de 1966, quando ele foi artilheiro com nove gols, quatro deles na fantástica
virada sobre a Coréia do Norte por 5
a 3, quando os portugueses perdiam por 3 a 0.
Na semifinal, Portugal foi derrotado pela
Inglaterra por 2 a
1, com gol de honra de Euzébio, que curiosamente recebeu apelido de ‘Pantera
Negra’ dos ingleses quatro anos antes. Daquele time, o treinador Oto Glória temperava
a garra portuguesa com técnica de jogadores como o centroavante Euzébio, o
melhor de todos os tempos daquele país, num time formado por José Pereira;
Moraes, Batista, Vicente e Hilário; Jaime Graça, Coluna e José Augusto;
Eusébio, Torres e Simões.
Após aquele Mundial houve até que quem exagerasse
ao compará-lo a Pelé e não faltaram projeções de que seria o sucessor da coroa
do astro brasileiro. Entretanto Euzébio travou batalhas contra contusões, foi
operado seis vezes do joelho esquerdo e uma vez no direito.
Euzébio, nascido em Moçambique, foi filho de
mãe moçambicana negra. Já o pai, um angolano branco, morreu quando ele estava
na pré-adolescência. Por isso a mãe só admitiu que ele se transferisse para
Portugal com a promessa do também moçambicano Mario Coluna - atleta do Benfica
- tomar conta dele.
Euzébio jogou futebol profissionalmente até
1978, os últimos dois anos em Portugal, após passagem por Estados Unidos,
Canadá, México.
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