Teria sido o rei Pelé o inventor da paradinha
nas cobranças de pênaltis no futebol? O ponteiro-esquerdo Pepe, seu companheiro
de clube no Santos, diz que não. “Foi o Dalmo”. Com ou sem paradinha, este
lateral-esquerdo entrou para a história do alvinegro praiano como autor do gol
de pênalti que deu vitória à sua equipe por 1 a 0 sobre o Milan em 1963, na terceira e
decisiva partida do Mundial Interclubes.
Aquele jogo do bicampeonato foi realizado no
Estádio do Maracanã no dia 16 de novembro. Nos dois confrontos anteriores, o clube
italiano venceu em casa por 4 a
2 e perdeu pelo mesmo placar quando veio jogar no Rio de Janeiro, ocasião em
que o Santos contava com estes titulares: Gilmar; Lima, Mauro e Dalmo; Zito e
Calvet: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Como Pelé desfalcou a sua equipe na terceira
partida, em decorrência de contusão, o treinador Lula (já falecido) deixou a
incumbência de cobrança de pênalti para Dalmo e Pepe. “Quando teve o lance, fomos
até a bola e senti firmeza muito grande nele”, revelou Pepe sobre o companheiro.
“Um jogador aplicado como o Dalmo merece estar na história”, acrescentou o
ponteiro-esquerdo, que diferentemente do lateral pegava forte na bola também em
cobranças de pênaltis, com histórico de ter furado redes adversárias.
Assim, Dalmo Gaspar, que havia se transferido
do Guarani ao Santos em 1957, estreou no dia 26 de outubro na vitória sobre o
Palmeiras por 4 a
3, no Estádio do Pacaembu, participou de 369 partidas pelo clube e marcou
quatro gols, até porque naquela época lateral-esquerdo tinha atribuição
essencialmente de marcar ponteiros. E Pepe conta que Dalmo sempre foi titular,
por vezes improvisado na lateral-direita, de volante e ora retornando o miolo
da área, posição de origem, mas Lula o adaptou à lateral-esquerda.
A despedida dele do Santos ocorreu em agosto
de 1964, na vitória sobre o Juventus por 2 a 1, no Estádio da Rua Javari. Incontinenti,
Dalmo voltou ao Bugre com o currículo recheado de títulos e histórias, hoje contadas
nas rodas que participa na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Lá, ele
informa que foi o primeiro jogador brasileiro a utilizar chuteira de borracha
no país. O presente foi dado por Pelé em uma das excursões do Santos ao
exterior.
O final da carreira de atleta ocorreu como
zagueiro central do Paulista de Jundiaí, sua cidade natal, que o cumprimentará
neste 19 de outubro, quando completará 81 anos de idade. Lá ele também se
aposentou como funcionário público e chegou a integrar a equipe de esportes da Rádio Cidade Jundiaí - AM 730, como
comentarista.
Dalmo só se distanciou da terrinha quando
projetou que pudesse seguir a carreira de treinador, e um dos clubes que
dirigiu foi o Catanduvense. Ao perceber que não prosperaria na função, se fixou
definitivamente em Jundiaí.
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