A conquista da Copa Sul-Americana pelo São
Paulo, na temporada passada, foi pouco para a sua exigente torcida que não
comemorava nada desde 2008, quando foi comemorado o título do Campeonato
Brasileiro.
Viciado em festejar títulos, o torcedor
são-paulino da velha guarda já lembra da década de 60 quando o clube passou
longo período de jejum, com justificativa compreensiva: priorizada a construção
do Estádio do Morumbi.
Em 1966, por exemplo, o São Paulo sequer ficou
em quarto lugar, posição ocupada pelo Comercial de Ribeirão Preto. Se em 1967 o
time são-paulino foi vice-campeão, no ano seguinte também não chegou entre os
quatro melhores, a exemplo do Palmeiras. O Santos foi campeão, Corinthians
vice, Ferroviária de Araraquara em terceiro e Portuguesa em quarto lugar.
Em 1969, mais uma título do
Santos, Palmeiras vice e o São Paulo, se reorganizando, em terceiro lugar.
O futebol do São Paulo foi relegado depois do
título paulista de 1957; passando pela inauguração parcial do Estádio do
Morumbi em 1960, na vitória por 1
a 0 sobre o Sporting de Portugal, gol do
ponteiro-direito Peixinho; se estendendo até janeiro de 1970 quando a obra foi
completada, e o clube trouxe o Porto para inaugurá-la, com empate por 1 a 1.
Resultado do jogo festivo à parte, no início
daquela década o tricolor paulistano retomou a trajetória de títulos e com isso
o seu torcedor tirou aquele nó na garganta. Naquela época, uma das formações
mais repetida da equipe era esta: Suli; Celso, Belini, Roberto Dias e Tenente;
Nenê Buteco e Benê; Valdir Birigui, Prado, Fefeu e Paraná.
Tenente foi um lateral-esquerdo exclusivamente
marcador, como de praxe na época. Por isso em 1970 perdeu a posição para o
então garoto Gilberto Sorriso, atrevido ofensivamente. O desportista Delécio
Pastor, amigo da boleirada são-paulina da época, costumava brincar que Tenente
marcava como dono de bar de periferia: muito.
Na passagem do lateral-esquerdo pelo São
Paulo, de 1965 a
1972, o almanaque do clube registra participação em 181 partidas, sendo 89
vitórias, 47 empates e 45 derrotas. Contudo, aquilo que mais chamou atenção naquele
período foi a estupidez dele ao brincar com revólver, como se fosse mocinho de
cinema. É que na tentativa de girar a arma ocorreu disparo acidental,
perfurando-lhe a barriga.
Tenente ainda jogou no Juventus de Santa
Catarina até 1976, encerrando uma carreira iniciada naquele estado no Metropol
de Criciúma. Depois disso passou a ser o cidadão Valdir Izaú Pereira, nome de
registro, nascido em 18 de outubro de 1941, com ingresso na vida política
naquela cidade. Ele foi filiado ao PMDB, candidatou-se a vereador em 1992, e
obteve 121 votos, nem 10% do candidato mais votado, com 1.589 votos. Tenente
morreu em acidente de automóvel no dia 12 de março de 1996, também em Criciúma.