segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Paulo Emílio, treinador aos 26 anos de idade

 O que difere um treinador que começa a comandar times de futebol aos 26 anos de idade da grande maioria em sua atividade? De certo dirão falta de experiência, mas no caso específico do profissional Paulo Emílio, que precocemente ganhou espaço para treinar times, a resposta é destemor para lançamentos de jogadores jovens.

 O atacante Careca e o meia Gersinho foram exemplos de jogadores que ele lançou no time principal do Guarani aos 16 anos de idade. Isso depois de dar camisa de titular para o lateral Rodrigues Neto também aos 16 anos, o meio-campista Carlos Alberto Barbosa aos 17 e o lateral-direito Rosemiro aos 18 anos de idade.

 Na adolescência, o sonho do mineiro Paulo Emílio era ser jogador de futebol. E a reprovação em teste no juvenil do Atlético Mineiro não o desestimou do objetivo. Com a mudança da família para o Rio de Janeiro, chegou a realizar amistosos na zaga do time principal do Bonsucesso, mas teve que encerrar precocemente a carreira por causa da asma.

 O jeitão bem falante e habilidade para influenciar amigos foi preponderante para que Paulo Emílio cavasse espaço como treinador. Desde então percorreu de Norte a Sul do país durante os 30 anos na função. Tanto esteve em Manaus (AM) dirigindo o Nacional, como comandou o Criciúma (SC). Sair do Paysandu (PA) para aceitar convite de clubes do interior de São Paulo, como Noroeste de Bauru, era coisa normal.

 O auge na carreira de Paulo Emílio foi em 1975, quando comandou a máquina do Fluminense montada pelo então presidente Francisco Horta. De certo o treinador aposentado, de 77 anos de idade, ainda detalha aos vizinhos do bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, como aquele timaço do Flu conquistou a Taça Guanabara em 1975, com gol de falta do meia Roberto Rivellino, na prorrogação da decisão contra o América (RJ), com vitória por 1 a 0.

 Qual o time da época? Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antonio; Zé Mário, Cléber e Rivellino; Gil, Manfrini e Zé Roberto. E o público daquele jogo no Estádio do Maracanã foi de 96.035 pagantes.

 Paulo Emílio tinha habilidade para contornar problemas de indisciplina de jogadores através do bom papo. Das jogadas ofensivas ensaiadas, duas foram bem executadas: escanteio de mangas curtas, que consistia em troca de bola na linha de fundo e cruzamento à área adversária, com a natural deslocação de seus jogadores visando o cabeceio. Outra opção era levantamento de bola no primeiro pau, para que alguém a escorasse de cabeça visando o segundo pau, para a complementação de um companheiro.

 Nos últimos anos de carreira, em meados da década de 90, Paulo Emílio trabalhou na Arábia Saudita e Japão. Depois escreveu o livro ‘Futebol, dos Alicerces ao Telhado’, com abordagem de técnicas e metodologia de treinadores, com prefácio do jogador e hoje cronista Tostão.

Nenhum comentário: