segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ricardo Rocha, que categoria!

 Beto Zini, um ex-presidente do Guarani que assumidamente interferia na escalação do time, já tinha mesmo procedimento quando foi diretor de futebol em meados da década de 80.

 Na vantajosa negociação com o Santa Cruz em 1985, que implicou na vinda do zagueiro Ricardo Rocha para o elenco bugrino, foram cedidos três jogadores dispensáveis do elenco bugrino: zagueiro Jorge, lateral-direito Cocada e o atacante Roberto.

 Como o desfecho da negociação estava difícil, Zini explorou o aspecto emocional dos cartolas do Santa Cruz. Conchavou com dirigentes do Náutico um suposto interesse pelo atacante Roberto - que tinha fama de goleador em Pernambuco após passagem pelo Sport - e, com receio da perda do jogador para o arqui-rival, o Santa Cruz topou fechar o negócio.

 Pronto. O Guarani ganhou um ‘senhor’ zagueiro e lucrou US$ 600 mil com a venda do passe dele para o Sporting de Portugal em 1988, enquanto o trio de ex-bugrinos que seguiu para Recife evaporou.

 Ricardo Rocha chegou ao Guarani credenciado como lateral-direito com facilidade para chegar ao ataque, mas na prática não produzia tudo aquilo que dele se esperava. Aí, ele mesmo teve a iniciativa de se deslocar para o miolo de zaga, e ali se identificou pelo posicionamento, tempo de bola, antecipação e desarme. A deficiência no jogo aéreo foi corrigida gradativamente.

 No futebol português ele deu seqüência à bela carreira, mas a saudade do Brasil influenciou para que aceitasse proposta do São Paulo em 1989, para jogar por empréstimo. Aí veio a Seleção Brasileira e participação na Copa da Itália em 1990. Também integraria a Seleção Brasileira em 1994, mas foi cortado às vésperas da competição devido à uma contusão muscular.

 O zagueiro ainda jogou no Fluminense e goza de prestígio nas Laranjeiras, tanto que já foi auxiliar técnico. A carreira de jogador foi encerrada prematuramente em decorrência de seguidas contusões, e o projeto é seguir carreira de treinador, explorando a liderança que sempre exerceu em grupos de jogadores. Resta saber se está devidamente habilitado para transmitir aos comandados o conjunto de valores cobrado de um treinador, como ascendência sobre elenco, habilidade no trato de questões disciplinares e capacidade de superação na adversidade.

 A exemplo de Ricardo Rocha, décadas passadas era comum jogadores do Nordeste alcançarem sucesso nas regiões Sudeste e Sul do País. Os atacantes Vavá e Ademir de Menezes (já falecidos) tornaram-se ídolos do Vasco na década de 50. Na década de 60, o Botafogo contou com os nordestinos Manga e Rildo, goleiro e lateral-esquerdo, respectivamente. O Corinthians foi bem sucedido com o volante pernambucano Biro-Biro, e, como ele, exemplos estão aí aos montes. E agora, aos 50 anos de idade, Ricardo Rocha tem atuado como comentarista de futebol.

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