Ricardo Rocha, que categoria!
Beto Zini, um ex-presidente do Guarani que
assumidamente interferia na escalação do time, já tinha mesmo procedimento
quando foi diretor de futebol em meados da década de 80.
Na vantajosa negociação com o Santa Cruz em
1985, que implicou na vinda do zagueiro Ricardo Rocha para o elenco bugrino,
foram cedidos três jogadores dispensáveis do elenco bugrino: zagueiro Jorge,
lateral-direito Cocada e o atacante Roberto.
Como o desfecho da negociação estava difícil,
Zini explorou o aspecto emocional dos cartolas do Santa Cruz. Conchavou com
dirigentes do Náutico um suposto interesse pelo atacante Roberto - que tinha
fama de goleador em Pernambuco após passagem pelo Sport - e, com receio da
perda do jogador para o arqui-rival, o Santa Cruz topou fechar o negócio.
Pronto. O Guarani ganhou um ‘senhor’ zagueiro
e lucrou US$ 600 mil com a venda do passe dele para o Sporting de Portugal em
1988, enquanto o trio de ex-bugrinos que seguiu para Recife evaporou.
Ricardo Rocha chegou ao Guarani credenciado
como lateral-direito com facilidade para chegar ao ataque, mas na prática não
produzia tudo aquilo que dele se esperava. Aí, ele mesmo teve a iniciativa de
se deslocar para o miolo de zaga, e ali se identificou pelo posicionamento,
tempo de bola, antecipação e desarme. A deficiência no jogo aéreo foi corrigida
gradativamente.
No futebol português ele deu seqüência à bela
carreira, mas a saudade do Brasil influenciou para que aceitasse proposta do
São Paulo em 1989, para jogar por empréstimo. Aí veio a Seleção Brasileira e participação
na Copa da Itália em 1990. Também integraria a Seleção Brasileira em 1994, mas
foi cortado às vésperas da competição devido à uma contusão muscular.
O zagueiro ainda jogou no Fluminense e goza de
prestígio nas Laranjeiras, tanto que já foi auxiliar técnico. A carreira de
jogador foi encerrada prematuramente em decorrência de seguidas contusões, e o
projeto é seguir carreira de treinador, explorando a liderança que sempre
exerceu em grupos de jogadores. Resta saber se está devidamente habilitado para
transmitir aos comandados o conjunto de valores cobrado de um treinador, como
ascendência sobre elenco, habilidade no trato de questões disciplinares e
capacidade de superação na adversidade.
A exemplo de Ricardo Rocha, décadas passadas
era comum jogadores do Nordeste alcançarem sucesso nas regiões Sudeste e Sul do
País. Os atacantes Vavá e Ademir de Menezes (já falecidos) tornaram-se ídolos
do Vasco na década de 50. Na década de 60, o Botafogo contou com os nordestinos
Manga e Rildo, goleiro e lateral-esquerdo, respectivamente. O Corinthians foi
bem sucedido com o volante pernambucano Biro-Biro, e, como ele, exemplos estão
aí aos montes. E agora, aos 50 anos de idade, Ricardo Rocha tem atuado como
comentarista de futebol.
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