segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


 

 

Dirceu, jogador de três Copas

 

 

 Na Seleção Brasileira sempre se projeta convocações dos jogadores mais qualificados. A prática, todavia, nem sempre condiz com a teoria. Exemplos estão aí de atletas injustiçados e de outros cujas convocações foram questionadas.
 Lembram-se do falso ponteiro-esquerdo Dirceuzinho? Esse paranaense, já falecido, não era referência para dribles, não tinha lucidez para criar grandes jogadas, mas atuou nos principais clubes do Rio de Janeiro e participou de três Copas do Mundo: 1974, 1978 e 1982.
 A principal virtude de Dirceu José Guimarães era a funcionalidade. Fechava bem os espaços do meio-de-campo e corria sem cessar atrás de adversários para desarmá-los. E quando atingia o objetivo, colocava velocidade nas jogadas.
 O estilo de Dirceu era semelhante ao do então ponteiro-esquerdo Zagallo. Logo, como comandante da Seleção em 1974, ele o levou à Copa da Alemanha e o fixou como titular.
 A disciplina tática de Dirceuzinho cativava a 'treinadorzada'. Cláudio Coutinho (falecido) também o chamou à Copa da Argentina. A experiência se repetiu com Telê Santana (falecido) em 1982. O diferencial, na Copa da Espanha, é que Dirceu não foi titular.
 Para quem foi tido como jogador ‘meia-colher', Dirceu teve vida longa no futebol, com passagens por clubes do México, Espanha e Itália antes de voltar ao Brasil e encerrar a carreira no Vasco.
 Dirceu deixou o futebol, após carreira de 20 anos, sem ter recebido um cartão vermelho sequer. Nem por isso foi premiado com o troféu Belfort Duarte, na época destinado a atletas com folha disciplinar irretocável.
Ele morreu em um acidente de automóvel no dia 15 de julho de 1995.

 Discordâncias sobre convocações de jogadores à Seleção Brasileira sempre ocorreram. O ponteiro-esquerdo Germano, no auge da forma em 1962, no Flamengo, foi esquecido. A vaga ficou com Zagallo, que foi titular com a contusão de Pepe. Ainda em 1962, o zagueiro Jurandir foi à Copa do Chile três meses depois de ter saído do São Bento de Marília (SP) - clube extinto -, transferido ao São Paulo.

 A década de 60 foi marcada pelo bairrismo da imprensa esportiva do País. Na Copa da Inglaterra em 1966, para contemporizar a situação, a CBF convocou dez jogadores de clubes paulistas, dez dos cariocas, um mineiro (Tostão) e um gaúcho (Alcino). E, com a adoção dessa política esdrúxula, cometeram o despropósito ao chamar o apenas marcador Fidélis, e relegar o talento de Carlos Alberto Torres na lateral-direita.

 Um dos mais injustiçados na Seleção Brasileira foi o atacante Toninho Guerreiro (falecido). Zagallo fechou os olhos para os gols em abundância que ele marcava no Santos e São Paulo, optando por Roberto Miranda, do Botafogo-RJ, um centroavante com menos faro do gol, à Copa de 1970. Até o limitado lateral-direito Zé Carlos, do São Paulo, foi à Copa da França em 1998.

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