Aldemar, implacável marcador de Pelé
No passado, todo grande clube de futebol era
abastecido de craques que desequilibravam partidas, embora reconhecidamente
‘brotavam’ zagueiros de qualidade superior aos atuais. Além do balanço e
velocidade, o craque tinha intuição para as tabelinhas com companheiros de
ataque, de forma que os adversários fossem envolvidos. O rei Pelé fazia tabelas
até com as pernas dos zagueiros.
Eis a questão: quem foi o melhor marcador de
Pelé? As afirmações não convergem sobre um nome. Há correntes que citam o
quarto-zagueiro Piter, do Comercial de Ribeirão Preto (SP), que o enfrentou
entre 1961 a
1968, ganhando a maioria dos duelos, e Pelé se irritava. “Poxa, como você enche
o saco, Piter”, reclamava o santista, enquanto o comercialino argumentava que
chegava junto sem usar violência para anulá-lo.
O zagueiro inglês Boby Moore, que morreu
vítima de câncer em 1993, também foi tido como marcador implacável de Pelé, a
exemplo do zagueiro italiano Giovanni Trapattone, do Milan, em meados da década
de 60. Há quem diga que ninguém o marcou com tanta propriedade como o
quarto-zagueiro Aldemar, que passou pelo Vasco no biênio 1951-52,
posteriormente até 1958 no Santa Cruz (PE) e depois Palmeiras. E esta fama
começou em 1959 quando Santos e Palmeiras tiveram que participar do chamado
Supercampeonato Paulista, porque na fase de dois turnos terminaram igualados
com 63 pontos.
Naquela melhor de quatro pontos foram
registrados empates por 1 a
1 e 2 a 2
nos primeiros dois jogos, fato que empurrou a decisão para a terceira partida,
já em janeiro do ano seguinte - 1960 - no Estádio do Pacaembu. O Santos saiu na
frente com gol de Pelé, mas o ponteiro-direito Julinho empatou para o
Palmeiras. Aí o meia Chinesinho sofreu falta perto da área e o
ponteiro-esquerdo Romeiro bateu com precisão, sem chances de defesa para o
goleiro santista Laércio, num gol que deu o título aos palmeirenses, em jogo
apitado por Anacleto Pietrobom.
Aldemar foi soberano naquele jogo. Ratificou
as virtudes na antecipação das jogadas e bom reflexo para acompanhar as passadas
de Pelé. E o prêmio pela manutenção da boa forma foi participar de quatro jogos
pela Seleção Brasileira e ser relacionado entre os 41 pré-convocados à Copa do
Mundo de 1962. Além dele, os quarto-zagueiros lembrados foram Calvet do Santos,
Barbosinha do Vasco, Zózimo do Bangu e Jurandir do São Paulo. Por fim, o
treinador Aimoré Moreira levou Zózimo e Jurandir ao Chile.
Ao ser relegado, Aldemar caiu em depressão,
afogou as suas mágoas na bebida, e o seu futebol caiu de rendimento. Em 1964
foi transferido ao América do Rio e encerrou a carreira dois anos depois no
Guarani. Ele morreu em janeiro de 1977.
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