segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013



Aldemar, implacável marcador de Pelé

 
 No passado, todo grande clube de futebol era abastecido de craques que desequilibravam partidas, embora reconhecidamente ‘brotavam’ zagueiros de qualidade superior aos atuais. Além do balanço e velocidade, o craque tinha intuição para as tabelinhas com companheiros de ataque, de forma que os adversários fossem envolvidos. O rei Pelé fazia tabelas até com as pernas dos zagueiros.

 Eis a questão: quem foi o melhor marcador de Pelé? As afirmações não convergem sobre um nome. Há correntes que citam o quarto-zagueiro Piter, do Comercial de Ribeirão Preto (SP), que o enfrentou entre 1961 a 1968, ganhando a maioria dos duelos, e Pelé se irritava. “Poxa, como você enche o saco, Piter”, reclamava o santista, enquanto o comercialino argumentava que chegava junto sem usar violência para anulá-lo.

 O zagueiro inglês Boby Moore, que morreu vítima de câncer em 1993, também foi tido como marcador implacável de Pelé, a exemplo do zagueiro italiano Giovanni Trapattone, do Milan, em meados da década de 60. Há quem diga que ninguém o marcou com tanta propriedade como o quarto-zagueiro Aldemar, que passou pelo Vasco no biênio 1951-52, posteriormente até 1958 no Santa Cruz (PE) e depois Palmeiras. E esta fama começou em 1959 quando Santos e Palmeiras tiveram que participar do chamado Supercampeonato Paulista, porque na fase de dois turnos terminaram igualados com 63 pontos.

 Naquela melhor de quatro pontos foram registrados empates por 1 a 1 e 2 a 2 nos primeiros dois jogos, fato que empurrou a decisão para a terceira partida, já em janeiro do ano seguinte - 1960 - no Estádio do Pacaembu. O Santos saiu na frente com gol de Pelé, mas o ponteiro-direito Julinho empatou para o Palmeiras. Aí o meia Chinesinho sofreu falta perto da área e o ponteiro-esquerdo Romeiro bateu com precisão, sem chances de defesa para o goleiro santista Laércio, num gol que deu o título aos palmeirenses, em jogo apitado por Anacleto Pietrobom.

 Aldemar foi soberano naquele jogo. Ratificou as virtudes na antecipação das jogadas e bom reflexo para acompanhar as passadas de Pelé. E o prêmio pela manutenção da boa forma foi participar de quatro jogos pela Seleção Brasileira e ser relacionado entre os 41 pré-convocados à Copa do Mundo de 1962. Além dele, os quarto-zagueiros lembrados foram Calvet do Santos, Barbosinha do Vasco, Zózimo do Bangu e Jurandir do São Paulo. Por fim, o treinador Aimoré Moreira levou Zózimo e Jurandir ao Chile.

 Ao ser relegado, Aldemar caiu em depressão, afogou as suas mágoas na bebida, e o seu futebol caiu de rendimento. Em 1964 foi transferido ao América do Rio e encerrou a carreira dois anos depois no Guarani. Ele morreu em janeiro de 1977.

 

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