segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Nair, nome de homem e bom meio-campista


 Nair é nome de mulher? De certo você vai responder que sim. A mulher do falecido astro Mané Garrincha chamava-se Nair. Outros nomes comuns a homens e mulheres são Darci, Juraci, Valdeci, Jaci, Nadir, Jucilei e Íris, entre outros. O caso também se aplica a quem tem o apelido de Zezé, proveniente de Maria José ou José Maria.

 O Nair José da Silva em questão foi um jogador que ficou famoso no futebol nos anos 60, tanto que atuou quatro vezes pela Seleção Brasileira. Nascido no Rio de Janeiro em maio de 1937, iniciou a carreira no Madureira, e a partir de 1963 seu estilo clássico pôde ser visto na Portuguesa, onde atuou até 1965, num time comandado pelo treinador Aimoré Moreira (falecido) e formado por Orlando Gato Preto (Félix); Jair Marinho, Ditão, Wilson Silva e Edílson; Pampolini e Nair; Almir, Henrique Frade, Dida e Ivair.

 Seu próximo clube foi o Corinthians, em tumultuada transferência dele e do zagueiro Ditão. Foi um período em que a Lusa abastecia o trio de ferro de São Paulo com jogadores de destaque. Também saíram da Portuguesa para o Corinthians os laterais-direitos Jair Marinho e Zé Maria, volante Badeco e atacante Ivair. Para o Palmeiras foram o lateral-direito Djalma Santos, ponteiro-direito Julinho, e os meias-atacantes Servílio, Leivinha e Enéas, por exemplo.

 Jair Marinho jogou na Portuguesa entre 1963 e 1966. Depois disso mais dois anos pelo Corinthians, antes de regressar ao Rio de Janeiro e integrar o elenco do Vasco. Ele e Nair, ainda no Corinthians, participaram daquele nostálgico empate por 4 a 4 com o São Paulo por um torneio paulista de 1966, ocasião em que Nair - meia já adaptado como volante - empatou a partida no último minuto, em cobrança de pênalti, e Jair Marinho entrou no segundo tempo em substituição ao titular Galhardo. Eis o time corintiano da época: Marcial; Galhardo (Jair Marinho), Eduardo, Clóvis e Maciel; Nair e Rivelino; Marcos (Bataglia), Tales, Flávio e Gilson Porto. Aquela temporada de 1966 marcou a passagem de Garrincha pelo Corinthians, sem contudo ratificar o futebol consagrado de Botafogo e Seleção Brasileira.

 Em 1969, aos 32 anos de idade, Nair mostrou que ainda tinha lenha para queimar quando se transferiu para o Atlético Paranaense, que na época montou equipe basicamente com jogadores veteranos para o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Lá estavam Djalma Santos, o zagueiro Belini - ex-São Paulo -, volante palmeirense Zequinha e os atacantes Gildo, Dorval e Zé Roberto, saídos de Palmeiras, Santos e São Paulo, respectivamente.

Eles se juntaram ao goleiro Célio, zagueiro Charrão, lateral Nilo, meia-armador Paulista, centroavante Madureira e ponteiro-esquerdo Nilson Bocão.

 Nair está radicado no Rio de Janeiro e trabalha numa escolinha de futebol em Madureira.

 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013



Aldemar, implacável marcador de Pelé

 
 No passado, todo grande clube de futebol era abastecido de craques que desequilibravam partidas, embora reconhecidamente ‘brotavam’ zagueiros de qualidade superior aos atuais. Além do balanço e velocidade, o craque tinha intuição para as tabelinhas com companheiros de ataque, de forma que os adversários fossem envolvidos. O rei Pelé fazia tabelas até com as pernas dos zagueiros.

 Eis a questão: quem foi o melhor marcador de Pelé? As afirmações não convergem sobre um nome. Há correntes que citam o quarto-zagueiro Piter, do Comercial de Ribeirão Preto (SP), que o enfrentou entre 1961 a 1968, ganhando a maioria dos duelos, e Pelé se irritava. “Poxa, como você enche o saco, Piter”, reclamava o santista, enquanto o comercialino argumentava que chegava junto sem usar violência para anulá-lo.

 O zagueiro inglês Boby Moore, que morreu vítima de câncer em 1993, também foi tido como marcador implacável de Pelé, a exemplo do zagueiro italiano Giovanni Trapattone, do Milan, em meados da década de 60. Há quem diga que ninguém o marcou com tanta propriedade como o quarto-zagueiro Aldemar, que passou pelo Vasco no biênio 1951-52, posteriormente até 1958 no Santa Cruz (PE) e depois Palmeiras. E esta fama começou em 1959 quando Santos e Palmeiras tiveram que participar do chamado Supercampeonato Paulista, porque na fase de dois turnos terminaram igualados com 63 pontos.

 Naquela melhor de quatro pontos foram registrados empates por 1 a 1 e 2 a 2 nos primeiros dois jogos, fato que empurrou a decisão para a terceira partida, já em janeiro do ano seguinte - 1960 - no Estádio do Pacaembu. O Santos saiu na frente com gol de Pelé, mas o ponteiro-direito Julinho empatou para o Palmeiras. Aí o meia Chinesinho sofreu falta perto da área e o ponteiro-esquerdo Romeiro bateu com precisão, sem chances de defesa para o goleiro santista Laércio, num gol que deu o título aos palmeirenses, em jogo apitado por Anacleto Pietrobom.

 Aldemar foi soberano naquele jogo. Ratificou as virtudes na antecipação das jogadas e bom reflexo para acompanhar as passadas de Pelé. E o prêmio pela manutenção da boa forma foi participar de quatro jogos pela Seleção Brasileira e ser relacionado entre os 41 pré-convocados à Copa do Mundo de 1962. Além dele, os quarto-zagueiros lembrados foram Calvet do Santos, Barbosinha do Vasco, Zózimo do Bangu e Jurandir do São Paulo. Por fim, o treinador Aimoré Moreira levou Zózimo e Jurandir ao Chile.

 Ao ser relegado, Aldemar caiu em depressão, afogou as suas mágoas na bebida, e o seu futebol caiu de rendimento. Em 1964 foi transferido ao América do Rio e encerrou a carreira dois anos depois no Guarani. Ele morreu em janeiro de 1977.

 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


 

 

Dirceu, jogador de três Copas

 

 

 Na Seleção Brasileira sempre se projeta convocações dos jogadores mais qualificados. A prática, todavia, nem sempre condiz com a teoria. Exemplos estão aí de atletas injustiçados e de outros cujas convocações foram questionadas.
 Lembram-se do falso ponteiro-esquerdo Dirceuzinho? Esse paranaense, já falecido, não era referência para dribles, não tinha lucidez para criar grandes jogadas, mas atuou nos principais clubes do Rio de Janeiro e participou de três Copas do Mundo: 1974, 1978 e 1982.
 A principal virtude de Dirceu José Guimarães era a funcionalidade. Fechava bem os espaços do meio-de-campo e corria sem cessar atrás de adversários para desarmá-los. E quando atingia o objetivo, colocava velocidade nas jogadas.
 O estilo de Dirceu era semelhante ao do então ponteiro-esquerdo Zagallo. Logo, como comandante da Seleção em 1974, ele o levou à Copa da Alemanha e o fixou como titular.
 A disciplina tática de Dirceuzinho cativava a 'treinadorzada'. Cláudio Coutinho (falecido) também o chamou à Copa da Argentina. A experiência se repetiu com Telê Santana (falecido) em 1982. O diferencial, na Copa da Espanha, é que Dirceu não foi titular.
 Para quem foi tido como jogador ‘meia-colher', Dirceu teve vida longa no futebol, com passagens por clubes do México, Espanha e Itália antes de voltar ao Brasil e encerrar a carreira no Vasco.
 Dirceu deixou o futebol, após carreira de 20 anos, sem ter recebido um cartão vermelho sequer. Nem por isso foi premiado com o troféu Belfort Duarte, na época destinado a atletas com folha disciplinar irretocável.
Ele morreu em um acidente de automóvel no dia 15 de julho de 1995.

 Discordâncias sobre convocações de jogadores à Seleção Brasileira sempre ocorreram. O ponteiro-esquerdo Germano, no auge da forma em 1962, no Flamengo, foi esquecido. A vaga ficou com Zagallo, que foi titular com a contusão de Pepe. Ainda em 1962, o zagueiro Jurandir foi à Copa do Chile três meses depois de ter saído do São Bento de Marília (SP) - clube extinto -, transferido ao São Paulo.

 A década de 60 foi marcada pelo bairrismo da imprensa esportiva do País. Na Copa da Inglaterra em 1966, para contemporizar a situação, a CBF convocou dez jogadores de clubes paulistas, dez dos cariocas, um mineiro (Tostão) e um gaúcho (Alcino). E, com a adoção dessa política esdrúxula, cometeram o despropósito ao chamar o apenas marcador Fidélis, e relegar o talento de Carlos Alberto Torres na lateral-direita.

 Um dos mais injustiçados na Seleção Brasileira foi o atacante Toninho Guerreiro (falecido). Zagallo fechou os olhos para os gols em abundância que ele marcava no Santos e São Paulo, optando por Roberto Miranda, do Botafogo-RJ, um centroavante com menos faro do gol, à Copa de 1970. Até o limitado lateral-direito Zé Carlos, do São Paulo, foi à Copa da França em 1998.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Eduardo Amorim valoriza disciplina tática

 
 O ostracismo do treinador Eduardo Fernandes Amorim é parcialmente explicado porque não admite ficar ligado a empresários de futebol. Portanto, após experiência como comentarista da TV Alterosa, de Minas Gerais, criou uma empresa com a finalidade de revelar jogadores.

 Sua carreira de treinador foi iniciada no Corinthians em 1995, onde conquistou os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. Depois trabalhou no Atlético (MG), Portuguesa, Sport Recife, América (RN), e ficou oito anos na Grécia.

 Sua história no futebol começou como jogador do Cruzeiro em 1969, como ponteiro-direito que sabia fazer precisos cruzamentos. Devido à versatilidade para conduzir a bola em diagonal, foi adaptado como ponta-de-lança, com a vantagem da obediência tática de recuar para ajudar na marcação. Foi assim no Corinthians, onde passou de 1981 a 87. A carreira de atleta foi encerrada no ano seguinte no Santo André.

 No histórico de títulos, ênfase para o da Taça Libertadores em 1976, pelo Cruzeiro. Foram três jogos contra o River Plate da Argentina. O primeiro com goleada mineira por 4 a 1 no Estádio do Mineirão. O segundo no Estádio Monumental de Nuñes, em Buenos Aires, quando ele ficou indignado com a desastrosa arbitragem do uruguaio José Martinez Bazán, que validou o segundo gol argentino em jogada irregular, resultando em vitória dos mandantes por 2 a 1. O lateral-esquerdo Vanderlei, do Cruzeiro, foi empurrado no lance que precedeu o gol e a falta não foi marcada.

 No terceiro jogo, em Santiago do Chile, a vitória foi dos cruzeirenses por 3 a 2. Nelinho, de pênalti, abriu o placar. Eduardo ampliou para os mineiros. O River empatou, mas foi derrotado aos 43 minutos do segundo tempo. Numa falta nas imediações da área, Nelinho já se preparava para a cobrança quando o atrevido atacante Joãozinho bateu de curva na bola e marcou.

 Os cruzeirenses se ajoelharam no centro do gramado e rezaram em memória do companheiro Roberto Batata, morto no dia 13 de maio de 1976, quando o seu veículo Chevette se envolveu em acidente fatal na Rodovia Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo.

 Entre abraços da boleirada nos vestiários, o técnico Zezé Moreira (falecido) deu uma tremenda bronca em Joãozinho, apesar dele ter feito o gol da vitória. “Seu moleque irresponsável. Nosso cobrador de falta é o Nelinho, ouviu”!

 No Corinthians, como atleta, Eduardo foi bicampeonato paulista em 1982/83, num time formado por Leão; Alfinete, Mauro, Juninho e Wladimir; Paulinho, Biro-Biro e Zenon; Eduardo, Sócrates (falecido) e Casagrande. Foi o período da ‘democracia corintiana’, movimento liderado pelos jogadores Sócrates, Casagrande e Vladimir, que consistia nos rumos do futebol do clube através dos votos de jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes.