segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Dá-lhe Fluminense!

 
 Se o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues fosse vivo, de certo diria que o seu Fluminense havia incorporado o sobrenatural de Almeida na vitória por 3 a 2 sobre o Palmeiras, a três rodadas para o encerramento do Campeonato Brasileiro, resultando na conquista título de 2012. Para o jornalista, os grandes feitos do time tinham a ver com o personagem fictício criado para evocar a capacidade de superação.
 Quem contar a trajetória do Fluminense tem que retroceder à década de 30 quando o meia Élbua de Pádua Lima, o Tim, aplicava dribles secos e desconcertantes. Nos anos 40 e 50 sobressaía o vigor físico do zagueiro Pinheiros (falecido), que se moldou à marcação por zona criada em 1951 pelo treinador Zezé Moreira (falecido). Foi o período em que surgiu o falso ponteiro, missão executada pelo raçudo Telê Santana (falecido).
 O Fluminense é tão diferenciado que nas Eliminatórias à Copa do Mundo de 1954 os seus dois goleiros foram convocados: o titular Castilho (falecido) e o reserva Veludo. A sina de ter goleiros na Seleção prosseguiu em 1970 com Félix (falecido), tricampeão no México.
 Na Copa de 1962, no Chile, foram do clube os dois laterais reservas, casos de Jair Marinho e Altair, respectivamente pela direita e esquerda. O franzino Altair ainda jogou na Copa de 1966, na Inglaterra.


 A vocação do Fluminense para ceder laterais à Seleção foi ratificada nas Eliminatórias à Copa de 1970. Se era raro um lateral-esquerdo atacar, Marco Antonio mostrava atrevimento ofensivo, copiando o bom exemplo de Carlos Alberto Torres na lateral-direita. E sucessor de Marco Antonio atacava ainda mais, caso do potiguar Marinho Chagas.
 Naquela época o Fluminense era uma usina de craques. Por lá passaram o meia Gérson, o habilidoso Carlos Alberto Pintinho, o irreverente Paulo César Caju, e o ‘patada atômica’, apelido que Rivelino ganhou dos mexicanos em 1970. Riva aperfeiçoou o drible elástico e o Fluminense não resistiu a montanha de dólares oferecida pelos príncipes do El Helal de Riad, Arábia Saudita, em 1978, para a liberação do passe.
 Recapitular a década de 70 sem citar o meia-atacante Manfrini seria um erro impordoável. Esse paulistano da Moóca foi artilheiro do Campeonato Carioca de 1973, com 13 gols.
 Nos anos 80, os torcedores do Flu vibraram com a dupla de ataque formada por Assis e Washington, batizada de ‘casal 20’, tal o entrosamento entre ambos desde os tempos de Atlético-PR. Foi de Assis, em 1983, o gol do título carioca diante do Flamengo.
 Naquele período, o lateral-esquerdo do Fluminense era Branco, que assustava goleiros adversários com o chute forte. Essa característica ajudou a levá-lo a três Copas e conquistar uma delas: o tetracampeonato de 1994, nos Estados Unidos.
 É obrigatório citar Renato Gaúcho como condutor do título carioca de 1995, com o inesquecível gol de barriga.

 

Nenhum comentário: