segunda-feira, 26 de novembro de 2012



Alex Alves, no campo um atleta feliz


Morte de uma pessoa aos 37 anos de idade, como a do jogador Alex Alves, é impactante. E o pensador italiano Cícero, nascido no ano 106 a.C., já filosofava na época: “Que há de mais natural para o velho do que a perspectiva de morrer?”. E arrematava comparando a dor pela perda de vida de quem não é velho.

“Quando a morte golpeia a juventude, a natureza resiste e se rebela. Assim como a morte de um adolescente me faz pensar numa chama viva apagada sob um jato d’água, a de um velho se assemelha a um fogo que suavemente se extingue”.

Desde que mundo é mundo a espécie humana sabe que não há certeza da chegada ao tempo de velhice, da necessidade de conscientização de que estamos por aqui apenas de passagem, que a morte é inexorável.

Adianta? Claro que não. Prevalece por aí a empáfia, ganância sem fim pelo dinheiro e poder.

Pelo menos Alex Alves transmitia a sensação de viver em sua plenitude quando irradiava satisfação a cada gol marcado. Cambalhotas eram a marca registrada. E tal como no campo, fora dele demonstrava irreverência com cabelos pintados e arrumados de seu jeito.

Esse hábito se repetiu de 1992 - quando iniciou a carreira no Vitória da Bahia -, e se prolongou até 2007 quando a doença HPN (Hemoglobinúria Paroxística Noturna) se manifestou e abreviou o encerramento da carreira em 2010, no União Rondonópolis (MT).

Naqueles 18 anos de profissionalismo atuou como ponteiro-direito veloz que fecha em diagonal nas proximidades da área adversária, e fez gols em abundância. Passagens coroadas com os principais títulos foram no Campeonato Brasileiro pelo Palmeiras em 1994 e Libertadores da América no Cruzeiro em 1997.

O bom desempenho abriu-lhe portas para ingressar em clubes do exterior. Consta da biografia que atuou pelo Hertha Berlim da Alemanha, Boa Vista de Portugal e Kavale da Grécia, passagens entremeadas com volta ao Brasil para defender Atlético Mineiro, Portuguesa, Vasco, Fortaleza, Juventude e União Rondonópolis.

Naturalmente o intrigado desportista que desconhecia a HPN já foi informado que trata-se de uma doença rara das células-tronco hemotopoéticas, causada por mutação de um gene ligado ao cromossomo X. Ela se manifesta no limite de dez pessoas no universo de um milhão. Um dos sintomas é a urina escurecida no período noturno; outro as infecções recorrentes.

Alex Alves travou batalha incansável pela cura, submetendo-se a transplante de medula, doada por um de seus irmãos. Contudo perdeu a luta contra doença e não realizou o sonho de uma partida de despedida do futebol.

Da morte dele restou o ensinamento de que as pessoas devem viver intensamente cada dia e saborear cada momento como se fosse o único.

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