segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Chulapa, gols e irreverência

 Por alguma razão, a passagem do ex-atacante Serginho Chulapa sempre é lembrada no São Paulo, entre as décadas de 70 e 80. Ora pelo envolvimento em encrencas, ora pelos gols e destemor ao prometê-los.

 Quando citam que o atual centroavante são-paulino Luís Fabiano ultrapassou a marca de gols de Chulapa em jogos do São Paulo pelo Campeonato Brasileiro - 84 a 83 -, falta o complemento de que Chulapa marcou 243 gols em todas as partidas atuando pelo Tricolor paulistano. Também são raros os comentários de que ele ficou 14 meses afastado do futebol, suspenso após agressão a um bandeirinha.
 Por isso, cabe amostragem ao torcedor são-paulino da nova geração quem foi esse Serginho Chulapa que jogou futebol até aos 39 anos de idade no Atlético Sorocaba, em 1992.

 Em 30 de agosto de 1981, a Ponte Preta bateu o São Paulo por 2 a 1, no Morumbi, e nenhum torcedor arredou pé do estádio após a partida. O zagueiro Juninho, da Ponte, havia perdido aposta para o amigo Chulapa, e teve de carregá-lo nas costas de gol a gol, porque o então são-paulino cumpriu a promessa de deixar sua marca de artilheiro. Do contrário, ele carregaria o zagueiro.
 Apostas de Chulapa eram chamativas. Havia captado o estilo provocativo de Dadá Maravilha, o marqueteiro ‘mor’ da bola. Bons tempos em que o jogador sabia promover espetáculos de futebol.

 Chulapa viajava do céu ao inferno em segundos. Ora sorridente e gozador, ora briguento por coisa tola. Com a mesma facilidade que abria os braços e usava as pernas compridas para evitar a aproximação do adversário, se irritava com marcação implacável e acabava expulso.

 Seus gols foram decisivos para que o São Paulo conquistasse o título do Campeonato Brasileiro em 1977, num time formado por Toinho; Getúlio, Estevam, Tecão e Bezerra; Chicão, Teodoro e Neca; Zequinha, Serginho Chulapa e Viana.  

 O reinado de Chulapa no Morumbi se encerrou em 1983 com a chegada do atacante Careca, revelado pelo Guarani. Aí, Sérgio Bernardino foi fazer gols no Santos. A missão era completar jogadas de uma "patota" boa de bola, como o ponteiro-esquerdo João Paulo, meias Pita e Paulo Isidoro, e atacante Juari.
 No Santos, Serginho parecia o lobo que perde o pelo mas não perde o vício. Deu seqüência à carreira de gols, encrencas e expulsões. Reflexo da velha rixa com o então goleiro Leão - do Palmeiras - foi agredi-lo covardemente com um chute, pois o adversário estava caído.
 Em 1987, levado ao Corinthians pelo técnico Chico Formiga (já falecido), Chulapa já não era nem sombra daquele atacante com faro de gols.

 Cinco anos depois, já como treinador do Santos, perdeu a cabeça novamente ao desferir chute violento que atingiu a bolsa escrotal do então diretor do futebol bugrino José Giardini, num jogo em Campinas. E essa instabilidade emocional prejudicou sobejamente a carreira dele.

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