Lola, habilidade no campo e vida em sítio
É praxe a gente sequer lembrar aquilo que se comeu
no almoço, mas a máquina do tempo chamada cérebro grava fatos inimagináveis há
39 anos. Num jogo noturno no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas, no dia 3 de
outubro de 1973, o então meia-direita Lola jogava pelo Guarani e o zagueiro
central Brito pelo Botafogo do Rio de Janeiro, naquele empate por 1 a 1.
Ainda no primeiro tempo, no gol dos portões de
entrada, Lola dominou a bola pela meia-esquerda, quase na entrada da grade
área, arrancou em direção de Brito, aplicou-lhe um drible seco e estonteante por
dentro, e incontinente outro por fora. Gente, Brito foi vítima de um baita
tropeção. Parecia um pugilista grogue, pernas bambas, tentando se equilibrar e,
por fim, saiu catando cavaco.
A ‘plástica’ do lance já valeu o preço do
ingresso, nos tempos em que o time do Guarani era formado por Tobias; Wilson
Campos, Amaral, Alberto e Bezerra; Flamarion e Alfredo; Jader, Lola, Clayton e
Mingo. De fato Lola jogava muito, e por isso não devia ser considerado
arrogante quando se autodenominava ‘meia-direita habilidoso’, ou ‘meio-campo
criador’. A prática correspondia ao discurso.
Não fosse a fratura exposta de tíbia e perônio
num jogo contra o Santos, nos tempos de Atlético Mineiro em 1971, teria
participação mais ativa na conquista do Campeonato Brasileiro daquela temporada
pelo Galo mineiro, num time formado por Renato; Humberto Monteiro, Grapete,
Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola, Dario e Tião. O
treinador era Telê Santana, já falecido, que sempre recebia rasgados elogios de
Lola: “Ele parecia um pastor dedicado às suas ovelhas”, ou “o ouro maior
daquele grupo era o Telê”.
Aquela final foi decidida num triangular, e de
cara o São Paulo goleou o Botafogo por 4 a 1. Na segunda rodada, o Atlético ganhou do Tricolor
paulista por 1 a
0, e podia jogar pelo empate na terceira rodada contra o Botafogo, mas venceu
por 1 a 0,
gol de Dario.
A passagem de Lola pelo Atlético Mineiro
deu-se de 1968 a
1973, período em que entrou para a história do Estádio Mineirão por ter marcado
o milésimo gol. Talvez aquilo que ele jamais poderia supor é que a partir da
transferência ao Guarani se transformaria num nômade do futebol. Depois, foram
pouco mais de quatro anos no futebol mexicano defendendo América e Tigre, duas
passagens pela Ponte Preta, Sport Recife, Grêmio Maringá e Botafogo de Ribeirão
Preto, onde encerrou a carreira de atleta.
Hoje, Lola é o professor universitário
Raimundo José Correa, ministrando aulas em faculdade de educação física. Também
trabalha como olheiro do Galo mineiro e fixou residência num sítio paradisíaco em Ribeirão Preto , se
ocupando no trato aos animais e a vegetação.
Por fim, aquele bigodão característico dos
tempos de atleta faz parte do passado.
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