segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Mauro Cabeção, boleiro da noite


 O assassinato do lateral-direito Marcos Campos Júnior, o Mauro Cabeção de Guarani, Portuguesa, Santos, Grêmio (RS) e Cruzeiro, aos 48 anos de idade, no dia 6 de agosto de 2004, é um exemplo claro de como a Justiça brasileira caminha a passos de tartaruga.

 O pintor Felipe Delgado, autor dos disparos, escondeu o rosto com um capuz, mas a polícia desvendou o assassinato qualificado. Aí, restou a confissão de que topou praticar o crime em troca de R$ 4 mil, com posterior condenação pela Justiça de Nova Odessa (SP) a 13 anos de prisão em 2007.

 A professora Gislene Ribeiro Giroldi, acusada de mandante do assassinato, cumpriu prisão preventiva por um período e só foi condenada à prisão, igualmente de 13 anos, no dia 17 de junho passado. Apesar disso, ficará em liberdade ao ingressar com recurso no Tribunal de Justiça.

 Como a previsão do futuro julgamento é de no mínimo 18 meses, até lá ela ficará em liberdade, assim como ficou desde 2009 quando seus advogados obtiveram habeas corpus para que se livrasse da prisão.

 Mauro Cabeção foi assassinado com seis tiros em uma bar na periferia de Nova Odessa. À noite, como ninguém é de ferro, encostava em balcão de bar e não fazia distinção de bebidas, desde que fossem alcoólicas. Assim foi tocando a vida até a morte.

 A versão foi de crime passional e encomendado. Dias antes da morte, a vítima havia registrado boletim de ocorrência de ameaça, com relato de um triângulo amoroso, com envolvimento de sua companheira e outra mulher.

 No futebol, Mauro tentou evitar o apelido de cabeção, porém sem sucesso. Ele estava aposentado com míseros salários e por isso compensava o rendimento inicialmente com o emprego de porteiro no ginásio de esportes do Guarani. Posteriormente foi transferido para uma escolinha de futebol mantida pelo clube.

 De fato Mauro tinha muito a ensinar à garotada, a começar pelo comportamento fora de campo. Mostrava que beber, fumar e se divertir em boates, resultando em noites mal dormidas, interferem diretamente no condicionamento físico do atleta.

 Mauro podia dizer que era uma das raras exceções neste aspecto porque tinha um físico privilegiado, que permitia defender e atacar de forma consciente. Parava hábeis ponteiros-esquerdos na botinada, se preciso fosse. E quando chegava ao fundo do campo, o cruzamento geralmente encontrava o atacante de frente para o gol.

 Ele teve passagens na equipe principal da Seleção Brasileira em três vezes na década de 70. Também participou dos Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá, em 1976.

 No final de uma carreira de pouco mais de dez anos, como não fazia o vaivém constante, optou pela fixação no miolo de zaga, a exemplo dos laterais Carlos Alberto Torres, Leandro e Djalma Santos. Na época, exigia-se de laterais boa impulsão para coberturas no meio da área, facilitando a adaptação.
 

Nenhum comentário: