Mauro Cabeção, boleiro da noite
O assassinato do
lateral-direito Marcos Campos Júnior, o Mauro Cabeção de Guarani, Portuguesa,
Santos, Grêmio (RS) e Cruzeiro, aos 48 anos de idade, no dia 6 de agosto de
2004, é um exemplo claro de como a Justiça brasileira caminha a passos de
tartaruga.
O pintor Felipe Delgado, autor
dos disparos, escondeu o rosto com um capuz, mas a polícia desvendou o
assassinato qualificado. Aí, restou a confissão de que topou praticar o crime em
troca de R$ 4 mil, com posterior condenação pela Justiça de Nova Odessa (SP) a
13 anos de prisão em 2007.
A professora Gislene
Ribeiro Giroldi, acusada de mandante do assassinato, cumpriu prisão preventiva por
um período e só foi condenada à prisão, igualmente de 13 anos, no dia 17 de
junho passado. Apesar disso, ficará em liberdade ao ingressar com recurso no Tribunal
de Justiça.
Como a previsão do futuro
julgamento é de no mínimo 18 meses, até lá ela ficará em liberdade, assim como
ficou desde 2009 quando seus advogados obtiveram habeas corpus para que se
livrasse da prisão.
Mauro Cabeção foi
assassinado com seis tiros em uma bar na periferia de Nova Odessa. À noite,
como ninguém é de ferro, encostava em balcão de bar e não fazia distinção de
bebidas, desde que fossem alcoólicas. Assim foi tocando a vida até a morte.
A versão foi de crime
passional e encomendado. Dias antes da morte, a vítima havia registrado boletim
de ocorrência de ameaça, com relato de um triângulo amoroso, com envolvimento
de sua companheira e outra mulher.
No futebol, Mauro tentou
evitar o apelido de cabeção, porém sem sucesso. Ele estava aposentado com míseros
salários e por isso compensava o rendimento inicialmente com o emprego de
porteiro no ginásio de esportes do Guarani. Posteriormente foi transferido para
uma escolinha de futebol mantida pelo clube.
De fato Mauro tinha muito
a ensinar à garotada, a começar pelo comportamento fora de campo. Mostrava que
beber, fumar e se divertir em boates, resultando em noites mal dormidas,
interferem diretamente no condicionamento físico do atleta.
Mauro podia dizer que era
uma das raras exceções neste aspecto porque tinha um físico privilegiado, que
permitia defender e atacar de forma consciente. Parava hábeis ponteiros-esquerdos
na botinada, se preciso fosse. E quando chegava ao fundo do campo, o cruzamento
geralmente encontrava o atacante de frente para o gol.
Ele teve passagens na
equipe principal da Seleção Brasileira em três vezes na década de 70. Também participou
dos Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá, em 1976.
No final de uma carreira
de pouco mais de dez anos, como não fazia o vaivém constante, optou pela
fixação no miolo de zaga, a exemplo dos laterais Carlos Alberto Torres, Leandro
e Djalma Santos. Na época, exigia-se de laterais boa impulsão para coberturas
no meio da área, facilitando a adaptação.
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