segunda-feira, 27 de agosto de 2012



Geraldão prometia marcar gols e cumpria



 Se hoje o tom das entrevistas de boleiro gira em torno de ‘nosso time está focado’, no passado ele era destemido e sobretudo marqueteiro na promoção de jogos. Atacantes goleadores confiavam no ‘taco’ e não se acanhavam em prometer gols. Dadá Maravilha, por exemplo, dava nome a cada gol prometido.

 O raçudo centroavante Geraldão também participou da farra de prometer gols. Em 1982, numa decisão de título regional de seu Inter (RS) contra o rival Grêmio, chamou a imprensa e prometeu título ao colorado com dois gols dele.

 Que ousadia desse Geraldão! Já havia feito três gols em partida válida pelo primeiro turno e abusava de provocação na finalíssima, avisando que entraria para a história do clássico gaúcho como único jogador a marcar cinco gols em dois jogos.

 Pois quem foi no Estádio Olímpico viu os tais gols prometidos por Geraldão no seu estilo inconfundível de repartir com zagueiros bola cruzada e empurrá-la para o gol.

 Claro que o pôster daquela equipe de 1982 o hoje senhor Geraldo da Silva guarda com carinho em seu acervo particular. Aquele time? Benitez; Luís Carlos Winck, Mauro Pastor, Mauro Galvão e André Luiz; Ademir, Dunga e Ruben Paz; Silvinho, Geraldão e Beto. O treinador era Dino Sani.

 O gremista odiou Geraldão. Primeiro, porque ele era carrasco de seu time. Depois, porque o atleta ficou devendo melhor rendimento na passagem pelo Estádio Olímpico um ano antes.

 Geraldão tinha a sina de brilhar contra rivais. Foi assim nos tempos de Botafogo de Ribeirão Preto de 1970 a 1975. Bastava a tabela do Campeonato Paulista programar Come-Fogo (Botafogo x Comercial) para os comercialinos tremerem na base.

 Geraldão foi artilheiro do Paulistão de 1974 com 24 gols, no time botafoguense formado por Jorge; Ferreira, Paulo Cesar, Eraldo e Mineiro; João Carlos, Cunha e Sócrates; Ferreirinha, Geraldão e Nenê.

 Em 1975, o então presidente do Corinthians, Vicente Matheus, o contratou jamais imaginando que ele se transformaria em carrasco do São Paulo. E com aqueles 23 gols marcados no Paulistão de 1977 ajudou o clube a quebrar um jejum de títulos que se aproximava de 23 anos.

 Aquele time corintiano, comandado pelo treinador Oswaldo Brandão, contava com Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir Gonçalves e Wladimir; Russo, Luciano e Basílio; Vaguinho, Geraldão e Romeu Cambalhota.

 Em 1978 Geraldão foi emprestado ao Juventus, mas retornou ao Corinthians no ano seguinte, caracterizando um histórico de 278 jogos pelo clube, com 90 gols.

 A partir de 1985 começou o calvário do atacante no futebol, com repasse a pequenos clubes, um deles o extinto União Valinhos. Ele passou ainda por Francana, Corinthians de Presidente Prudente, Itararé e Garça em 1989, quando encerrou a carreira. Hoje, aos 63 anos de idade, ainda joga no time de máster do Corinthians.


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