Geraldão prometia marcar gols e
cumpria
Se hoje o tom das entrevistas de
boleiro gira em torno de ‘nosso time está focado’, no passado ele era destemido
e sobretudo marqueteiro na promoção de jogos. Atacantes goleadores confiavam no
‘taco’ e não se acanhavam em prometer gols. Dadá Maravilha, por exemplo, dava
nome a cada gol prometido.
O raçudo centroavante Geraldão
também participou da farra de prometer gols. Em 1982, numa decisão de título
regional de seu Inter (RS) contra o rival Grêmio, chamou a imprensa e prometeu
título ao colorado com dois gols dele.
Que ousadia desse Geraldão! Já
havia feito três gols em partida válida pelo primeiro turno e abusava de
provocação na finalíssima, avisando que entraria para a história do clássico
gaúcho como único jogador a marcar cinco gols em dois jogos.
Pois quem foi no Estádio
Olímpico viu os tais gols prometidos por Geraldão no seu estilo inconfundível
de repartir com zagueiros bola cruzada e empurrá-la para o gol.
Claro que o pôster daquela
equipe de 1982 o hoje senhor Geraldo da Silva guarda com carinho em seu acervo
particular. Aquele time? Benitez; Luís Carlos Winck, Mauro Pastor, Mauro Galvão
e André Luiz; Ademir, Dunga e Ruben Paz; Silvinho, Geraldão e Beto. O treinador
era Dino Sani.
O gremista odiou Geraldão.
Primeiro, porque ele era carrasco de seu time. Depois, porque o atleta ficou
devendo melhor rendimento na passagem pelo Estádio Olímpico um ano antes.
Geraldão tinha a sina de brilhar
contra rivais. Foi assim nos tempos de Botafogo de Ribeirão Preto de 1970 a 1975. Bastava a
tabela do Campeonato Paulista programar Come-Fogo (Botafogo x Comercial) para
os comercialinos tremerem na base.
Geraldão foi artilheiro do
Paulistão de 1974 com 24 gols, no time botafoguense formado por Jorge;
Ferreira, Paulo Cesar, Eraldo e Mineiro; João Carlos, Cunha e Sócrates;
Ferreirinha, Geraldão e Nenê.
Em 1975, o então presidente do
Corinthians, Vicente Matheus, o contratou jamais imaginando que ele se
transformaria em carrasco do São Paulo. E com aqueles 23 gols marcados no
Paulistão de 1977 ajudou o clube a quebrar um jejum de títulos que se
aproximava de 23 anos.
Aquele time corintiano,
comandado pelo treinador Oswaldo Brandão, contava com Tobias; Zé Maria, Moisés,
Ademir Gonçalves e Wladimir; Russo, Luciano e Basílio; Vaguinho, Geraldão e
Romeu Cambalhota.
Em 1978 Geraldão foi emprestado
ao Juventus, mas retornou ao Corinthians no ano seguinte, caracterizando um
histórico de 278 jogos pelo clube, com 90 gols.
A partir de 1985 começou o
calvário do atacante no futebol, com repasse a pequenos clubes, um deles o
extinto União Valinhos. Ele passou ainda por Francana, Corinthians de
Presidente Prudente, Itararé e Garça em 1989, quando encerrou a carreira. Hoje,
aos 63 anos de idade, ainda joga no time de máster do Corinthians.
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