Lico, merecida aposentadoria em Imbituba
Imbituba, sul do Estado de Santa Catarina,
continua uma cidade paradisíaca com belas praias, pequenas ilhas, paisagem,
lagos, gastronomia predominante de frutos do mar e uma população de cerca de 40
mil habitantes. O que se querer mais de qualidade de vida de um lugar como esse?
Pois Antonio Nunes, o Lico campeão do Mundial
de Clubes pelo Flamengo de 1981, é filho da cidade. De lá saiu na adolescência
porque precisava de centros maiores para desenvolver o seu futebol de habilidade.
Durante a década de 70 ele perambulou por
clubes da região Sul do país como Grêmio, Avaí, Figueirense e Joinville, até
que em 1980 aportasse no Flamengo para desempenhar as funções de quarto homem
do meio-de-campo, que também ajudava na marcação.
Embora franzino com os redondos 50 quilos,
Lico não tinha medo de cara feia de adversários violentos. Partia com bola
dominada e aplicava dribles secos e desconcertantes. Usava bem o lado esquerdo
do campo para cruzamentos até de trivela, que visavam principalmente o
centroavante Nunes.
“Na minha época, a habilidade contava muito.
Hoje a força prevalece no futebol”, constata esse catarinense que julga ter
atuado no melhor time do futebol mundial de todos os tempos. “Acho que nem o
Santos de Pelé foi melhor do que aquele Flamengo”.
Exagero ou não, aquela equipe comandada por
Paulo César Carpeggiani sagrou-se campeã da Libertadores no dia 23 de novembro
e, embalada, 20 dias depois sapecou 3
a 0 no Liverpool da Inglaterra pelo Mundial de Clubes,
no Japão, num time formado por Raul Plasmann; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior;
Andrade, Adílio, Zico e Lico; Tita e Nunes.
A rigor, se Lico tem alguma coisa a lamentar
no período de jogador, elencaria ter ficado de fora do terceiro e decisivo jogo
da Libertadores contra o Cobreloa, no Uruguai, na vitória por 2 a 0; lembraria da terceira
grave contusão no joelho que travou a sua carreira em 1984; e da falta de
orientação e experiência sobre finanças para assinar melhores contratos.
“Jogava porque gostava. Nem ligava muito para contratos”.
Lico só ficou de fora da final da Libertadores
porque o maldoso zagueiro Mario Soto quase o cegou durante o segundo confronto
da final no Chile, na vitória do Cobreloa por 1 a 0. Vítima de violenta
cotovelada, seu olho ficou complemente tapado.
E quando prematuramente teve que encerrar a
carreira de atleta, contou com a indispensável ajuda da fiel companheira
Simone, com quem está casado há mais de 31 anos, para desenvolver atividades
paralelas no futebol. Foi diretor técnico, supervisor e treinador, quando
tentou copiar o esquema ofensivo de seu Flamengo em equipes de qualidade
inferior. “Meu time joga no ataque para vencer, independente de ser em casa ou
fora”. De positivo na função foi a valorização de treinos técnicos para extrair
o máximo da condição do atleta.
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