segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Kita, o pé dos gols foi amputado



 Centroavante que se preza chuta com os dois pés, naturalmente um de cada vez para não cair. E para o gaúcho Kita era indiferente a bola cair na direita ou canhota. O giro sobre o zagueiro era quase certo e, incontinente, o chute forte em direção ao gol adversário.

 Por causa desse estilo e do bom aproveitamento no jogo aéreo foi cobiçado e contratado por grandes clubes do futebol brasileiro como Flamengo, Inter (RS), Grêmio e Atlético Paranaense. Em nenhum deles, entretanto, atormentou tanto os zagueiros como nos tempos de Internacional de Limeira em 1986, quando foi decisivo para que o clube conquistasse o título inédito do Campeonato Paulista, e com direito à artilharia: 24 gols.

 Hoje, aos 53 anos de idade, Kita se orgulha das boas recordações. Quis o destino, entretanto, que não mais participasse até de ‘peladas’ com amigos. É que em junho passado, ao se submeter a uma cirurgia para reconstruir os ligamentos do tornozelo esquerdo, foi vítima de uma infecção hospitalar, agravada pelo diabetes. Por isso teve que amputar parte do pé.

 Outro duro golpe de ser absorvido foi a esculhambação no governo Fernando Collor de Melo de confisco de dinheiro da poupança do povo brasileiro nos anos 90. Duro porque ele havia votado no homem para presidente.

Chega de coisa ruim. Melhor ficar com a imagem positiva que Kita, ou João Leithard Neto, no futebol. De certo ele dirá que a principal lembrança foi naquele dia 3 de setembro de 1986, quando a Inter de Limeira (SP) sagrou-se campeã paulista ao vencer o Palmeiras por 2 a 1 no Estádio do Morumbi.

 Na época o time interiorano era treinado por José Macia, o Pepe, e contava com Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e Lê (Carlos Silva).

 Três anos antes Kita despontou para o futebol com os 15 gols marcados no Juventude, no Campeonato Gaúcho. Em 1984 já estava no Inter (RS) e conta ter sentido indescritível emoção ao colocar a medalha de prata no peito pela seleção olímpica brasileira, em Los Angeles.

 A estréia com a camisa do Flamengo, também em 1986, foi emocionante. De cara marcou dois gols contra o Corinthians, ano em que conquistou o título carioca. Outras conquistas ocorreram no Grêmio e Atlético Paranaense, sempre com assinaturas de seus gols. O final da carreira foi em 1995 no E.C. Passo Fundo (RS).  Nem por isso fez bons contratos.

 “Pena que nos anos 80 não se ganhava tanto dinheiro como hoje”, lamenta. Por isso, depois do confisco na poupança do governo Collor, o máximo que conseguiu foi montar um pequeno empreendimento de vídeo locadora.

 Antes de ter o próprio negócio foi funcionário da Secretaria de Esportes de Passo Fundo durante oito anos, mas foi pra rua com a mudança na cadeira no Executivo, na última eleição municipal.

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