segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Adeus a Escurinho, um bom reserva


 
A morte do atacante Escurinho no dia 27 de setembro nos remete a duas discussões: o diabetes que o aniquilou terá cura total num futuro não muito distante? Outra pessoa com o mesmo apelido terá respaldo da lei contra o racismo em caso de denúncia?

A perna direita do ex-centroavante Luiz Carlos Machado, o Escurinho, 61 anos de idade, que lhe deu apoio extraordinário para magnífica impulsão nos cabeceios, foi amputada do joelho para baixo há dois anos. Recentemente a perna esquerda dele também sofreu amputação, só que acima do joelho. Em ambos os casos a justificativa foi insuficiência renal e diabetes não controlados com tratamentos para regularizar o funcionamento vascular.

Pena que Escurinho não pôde usufruir dos avanços tecnológicos no processo de cura do diabetes, que caminham em plena velocidade. Estudo realizado na Índia indica que a doença pode ser combatida com moléculas encontradas na urina da vaca. Testes preliminares são feitos em ratos.

Racismo? Por analogia sim, na interpretação de um advogado gaúcho. É que ele impetrou ações de indenização por danos morais contra o Internacional (RS) por abandonar seu antigo mascote ‘saci’ e substitui-lo por um macaco que foi batizado com o nome de Escurinho.

Evidente que Escurinho jamais censurou o apelido que ganhou aos sete anos de idade, em Porto Alegre, por ser negro. Seu negócio era jogar futebol e a sua história começou a ser contada no Inter (RS) quando fez parte daquele elenco formado por jogadores altos e fortes na década de 70, comandados pelo técnico Rubens Francisco Minelli.

O time foi pentacampeão gaúcho de 1971 a 76 e bicampeão brasileiro em 75/76. Nele atuaram jogadores como o goleiro Manga, o zagueiro chileno Elias Figueiroa, lateral-esquerdo Vacarias, meio-campistas Batista, Caçapava, Falcão e Bráulio, e atacantes definidores como Valdomiro, Dario e Claudiomiro.
Com tantos ‘cobras’ naquele elenco, era difícil sobrar um lugar entre os titulares para Escurinho, que tinha a sina de entrar no segundo tempo e decidir jogos, invariavelmente com gols de cabeça.

Escurinho também jogou no Palmeiras e fez os costumeiros gols de cabeça no segundo tempo. E quando eles começaram a rarear perdeu espaço no Verdão. Foi castigado com a tradicional estrada da volta no futebol, jogando no interior paulista na Inter de Limeira e Bragantino. A experiência no futebol equatoriano foi coroada com título, jogando no Barcelona de Guayaquil, em 1981. A carreira foi encerrada no Caxias do Rio Grande do Sul, em 1985.

Uma de suas últimas aparições na mídia foi em dezembro de 2009, ao compor o hino do centenário para o Internacional (RS), exibido em vídeo no site do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Na letra, enfatizou que “ganhamos tudo”, quando alardeou seu amor ao clube colorado.

Nenhum comentário: