Adeus a Escurinho, um bom reserva
A morte do
atacante Escurinho no dia 27 de setembro nos remete a duas discussões: o
diabetes que o aniquilou terá cura total num futuro não muito distante? Outra pessoa com o mesmo apelido terá respaldo da lei contra o racismo
em caso de denúncia?
A perna direita do ex-centroavante Luiz Carlos Machado, o
Escurinho, 61 anos de idade, que lhe deu apoio extraordinário para magnífica
impulsão nos cabeceios, foi amputada do joelho para baixo há dois anos.
Recentemente a perna esquerda dele também sofreu amputação, só que acima do
joelho. Em ambos os casos a justificativa foi insuficiência renal e diabetes
não controlados com tratamentos para regularizar o funcionamento vascular.
Pena que Escurinho não pôde usufruir dos avanços
tecnológicos no processo de cura do diabetes, que caminham em plena velocidade.
Estudo realizado na Índia indica que a doença pode ser combatida com moléculas
encontradas na urina da vaca. Testes preliminares são feitos em ratos.
Racismo? Por analogia sim, na interpretação
de um advogado gaúcho. É que ele impetrou ações de indenização por danos morais
contra o Internacional (RS) por abandonar seu antigo mascote ‘saci’ e
substitui-lo por um macaco que foi batizado com o nome de Escurinho.
Evidente que Escurinho jamais censurou o apelido que ganhou
aos sete anos de idade, em
Porto Alegre , por ser negro. Seu negócio era jogar futebol e
a sua história começou a ser contada no Inter (RS) quando fez parte daquele
elenco formado por jogadores altos e fortes na década de 70, comandados pelo
técnico Rubens Francisco Minelli.
O time foi pentacampeão gaúcho de 1971 a 76 e bicampeão
brasileiro em 75/76. Nele atuaram jogadores como o goleiro Manga, o zagueiro
chileno Elias Figueiroa, lateral-esquerdo Vacarias, meio-campistas Batista,
Caçapava, Falcão e Bráulio, e atacantes definidores como Valdomiro, Dario e
Claudiomiro.
Com tantos ‘cobras’ naquele elenco, era difícil sobrar um lugar entre os titulares para Escurinho, que tinha a sina de entrar no segundo tempo e decidir jogos, invariavelmente com gols de cabeça.
Com tantos ‘cobras’ naquele elenco, era difícil sobrar um lugar entre os titulares para Escurinho, que tinha a sina de entrar no segundo tempo e decidir jogos, invariavelmente com gols de cabeça.
Escurinho também jogou no Palmeiras
e fez os costumeiros gols de cabeça no segundo tempo. E quando eles começaram a
rarear perdeu espaço no Verdão. Foi castigado com a tradicional estrada da
volta no futebol, jogando no interior paulista na Inter de Limeira e
Bragantino. A experiência no futebol equatoriano foi coroada com título,
jogando no Barcelona de Guayaquil, em 1981. A carreira foi encerrada no Caxias do Rio
Grande do Sul, em 1985.
Uma de suas últimas aparições na
mídia foi em dezembro de 2009, ao compor o hino do centenário para o
Internacional (RS), exibido em vídeo no site do jornal Zero Hora, de Porto
Alegre. Na letra, enfatizou que “ganhamos tudo”, quando alardeou seu amor ao
clube colorado.
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