sexta-feira, 22 de julho de 2011

Paulo Borges, um sorriso a menos

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso cante, chore, ria, dance e viva intensamente até que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

Esta célebre frase de Charles Chapin foi encarnada integralmente pelo ponteiro-direito Paulo Borges, com passagens por Bangu, Corinthians, Palmeiras, Nacional (AM) e Vasco. Sabiamente ele descobriu a beleza do sorriso. Achava graça de tudo e por isso ganhou o apelido de ‘Risadinha’.

De repente, o traiçoeiro câncer no pulmão roubou dele a característica extrovertida e foi castigando-o até este 15 julho, dia de sua morte em São Paulo.

Provavelmente a última homenagem recebida foi do Bangu em 2004, ano do centenário. Na ocasião a patota de 1966, campeã carioca, se reencontrou, e os ausentes foram Ari Clemente e Ladeira. Mário Tito morreu em 1994.

Paulo Borges, carioca das Laranjeiras, nasceu no dia 24 de dezembro de 1944. Aos 18 anos de idade já se destacava pela velocidade no time do Bangu. O diferencial é que fechava em diagonal e fazia gols. Por isso terminou a carreira como centroavante.

No jogo do título contra o Flamengo ele fez gol na goleada por 3 a 0, com 143.978 torcedores no Estádio do Maracanã. Ocimar e Aladim completaram o placar, em partida que não chegou ao final. O centroavante Almir Pernambuquinho (já falecido), do Flamengo, protagonizou uma pancadaria, e maldosamente pisou nas costas do ponta-de-lança Ladeira, caído, provocando fratura na costela.

Curioso é que um dia após o jogo, quando Ladeira se convalescia em hospital do Rio de Janeiro, Almir surpreendeu ao visitá-lo. Arrependido, e em prantos, pediu perdão pelo ocorrido. E Ladeira - treinador identificado com juniores -, que nunca guardou rancor, o perdoou.

Naquela competição o Bangu marcou 50 gols, 16 deles através de Paulo Borges. O técnico Alfredo Gonzáles escalava o time com Ubirajara; Fidélis, Ari Clemente, Luís Alberto e Mário Tito; Jaime e Cabralzinho; Paulo Borges, Ladeira, Ocimar e Aladim.

A rigor, depois daquele título, outro grande momento do Bangu foi no Campeonato Brasileiro de 1985, com o vice-campeonato diante do Coritiba.

O Bangu se dizimou após a morte do bicheiro Castor de Andrade, que injetava dinheiro da contravenção no clube, e só em 2008 ressurgiu das cinzas com acesso à divisão principal do futebol do Rio de Janeiro.

Paulo Borges trocou o Bangu pelo Corinthians em 1968 e, de cara, compartilhou com a torcida a quebra de um tabu de 11 anos sem vencer o Santos. Na noite do dia 6 de março, no Estádio do Pacaembu, ele e Flávio Minuando marcaram os gols na vitória do Timão por 2 a 0.



O Corinthians era comandado por Luís Alonso Peres, o Lula, que faleceu em junho de 1972. O time corintiano era formado por Diogo; Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos e Maciel; Edson Cegonha e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo.



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