segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mauro, zagueiro grosso que deu certo

O futebol tem as suas razões que a própria razão desconhece. Como pode um zagueiro cintura dura, com claras limitações técnicas, jogar no Corinthians durante nove anos, como foi o caso do zagueiro central Mauro?

Se para a maioria dos desportistas Mauro foi um sortudo ao ser escalado ao lado de renomados zagueiros como Amaral, Luís Pereira, Juninho e Daniel Gonzáles, para o ex-técnico Chico Formiga, que comandou a equipe em 1987, o atleta foi “um sustentáculo lá atrás”.

Pendia a favor de Mauro a raça exigida pela torcida corintiana. O desnível desfavorável na balança era a fama de jogador grosso. Dói n’alma admitir que não estivesse à altura do Corinthians. Mas se não dá pra falar bem dele na bola, as qualidades como pessoa são inquestionáveis. “É gente boa. Quieto. Humilde. Diferentes do boleiro ‘entrão’ por aí”, revela um dos amigos, que preserva a identificação por motivos óbvios.

Contudo, para minimizar o foco sobre deficiência técnica de Mauro, o mesmo amigo lembra que o ponteiro-direito Paulo Nani, do São Paulo, e Beto Fuscão, do Palmeiras, também foram além da conta no futebol paulista.

De fato Paulo Nani parecia um estranho no ninho num ataque formado por ele, Terto, Toninho Guerreiro e Paraná, campeão paulista de 1970. O técnico Zezé Moreira - já falecido - deu-lhe a camisa sete por causa da obediência tática de recuar e ajudar na marcação.

Quanto a Beto Fuscão, só o estilo clássico justifica passagens por Grêmio, Palmeiras e Seleção Brasileira em 15 partidas, entre 1976-77. No quesito desarme recebia reiteradas críticas.

Mauro Rubens da Silva foi aquele prata-da-casa do Corinthians que cansou de ouvir sons estridentes das sirenes instaladas no Parque São Jorge, anunciando chegada de reforços, mas nem por isso se convencia que os problemas do time estariam resolvidos. “No Corinthians, nome joga pouco”, alertava.

Em 1976, após ascensão ao profissionalismo, foi ganhar experiência na Esportiva de Guaratinguetá, que anos depois seria extinta. Na época, já prevalecia o seu estilo ‘feijão com arroz’. A preocupação era não deixar o adversário passar, mesmo que isso custasse índice anormal de faltas cometidas, com complacência de árbitros.

Esse estilo xerifão, que lembrava o antecessor Moisés, já tinha aceitação na dupla formada com Amaral em 1979, ano do primeiro gostinho de título paulista.

No período de democracia corintiana, no bicampeonato paulista de 1982-83, Maurão foi elogiado pela performance no jogo aéreo e preocupação em devolver a bola do jeito que ela vinha. O time de 82 tinha Solito; Alfinete, Mauro, Daniel Gonzáles e Wladimir; Paulinho, Zenon e Sócrates; Ataliba, Casagrande e Biro-Biro.

O time de 1983, com Jorge Vieira no lugar de Mário Travaglini no comando técnico, teve poucas mudanças: Leão no gol, Juninho na quarta-zaga e Eduardo Amorim na ponta-direita.

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