segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carpeggiani, carreira curta

Até o final da década de 70, quando o atleta se submetia a cirurgia de meniscos, ortopedistas faziam rasgos em joelhos de pacientes conforme literatura médica da época. Aquele procedimento cirúrgico conhecido como artrotomia clássica implicava em recuperação lenta. A cicatrização do corte, justamente numa articulação, também era demorada, contrastando com a modernidade da artroscopia, que consiste em duas pequenas incisões no local, os chamados furinhos, suficientes para a correção da área lesionada. No mesmo dia o paciente anda sem problemas e, geralmente, um mês depois já volta a jogar futebol se cumprir regiamente a programação de fisioterapia prescrita.

Se a evolução em cirurgias de joelhos e da dinâmica da fisioterapia ocorressem há 31 anos, de certo o então jogador Paulo César Carpeggiani não teria interrompido uma brilhante carreira no Flamengo em 1980, aos 31 anos de idade. As constantes dores impediram de fazer o tradicional vaivém nos gramados e saiu de cena.

Carpeggiani foi um jogador polivalente. Se no começo de carreira no Inter (RS) em 1970 foi aquele meia-de-armação que driblava, lançava e arriscava finalizações de média distância, as competições gaúchas ensinaram-lhe a praticar o futebol solidário, com entrega total também na marcação. Em 1974 compunha o meio-de-campo com Falcão e Escurinho, e a sua eficiência foi bem observada pelo então técnico Zagallo, da Seleção Brasileira, que o levou à Copa do Mundo da Alemanha como reserva do volante Clodoaldo. Com a contusão do titular, ele ocupou a posição e deu conta do recado.

No bicampeonato brasileiro do time colorado em 1975-76, lá estava Carpeggiani. A base do time era formada por Manga; Cláudio Duarte, Figueiroa, Hermínio e Vacarias; Falcão, Carpeggiani e Escurinho; Valdomiro, Flávio Minuano e Lula. Em 1977 transferiu-se para o Flamengo e jogou ao lado de Zico, numa trajetória que durou três anos. Por capricho do destino, em 1981, no mesmo Flamengo, foi fixado na função de treinador após a morte de Cláudio Coutinho por afogamento no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

Sabiamente Carpeggiani deu prosseguimento àquilo que dava certo. O reflexo disso foram títulos da Copa Libertadores da América e Mundial de Clubes naquela mesma temporada. No ano seguinte ainda sagrou-se campeão do Campeonato Brasileiro.

Valorizado, em seguida foi em busca dos ‘petrodólares’ na Arábia Saudita. Só voltou ao Brasil em 1986, para comandar o Náutico, começando ali a andança por clubes brasileiros e até o Cerro Portenho do Paraguai, em 1994. O comando da seleção daquele país, quatro anos depois, no Mundial da França, foi conseqüência do bom trabalho feito por lá. Um fato marcante na carreira foi barrar o goleiro Roger, do São Paulo, em 1999, após o atleta posar nu para uma revista gay.

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