segunda-feira, 20 de junho de 2011

Adãozinho ficou de fora da foto

O meia-esquerda Adãozinho, que morreu no dia 12 de junho aos 59 anos de idade, foi um dos exemplos enigmáticos no futebol. O período de quatro anos como reserva de Roberto Rivelino no Corinthians, até 1974, foi compreensivo. Afinal, ambos jogavam na mesma posição. Claro que Adão Ambrósio sempre entrava no segundo tempo, ou às vezes até iniciava a partida.

Com a transferência de Riva para o Fluminense, era voz corrente que Adãozinho iria explodir no Timão. Na prática, ficou lembrado apenas pela atuação memorável em 1971, na virada corintiana sobre o Palmeiras por 4 a 3, quando marcou um gol antológico. Paradoxalmente, nos momentos capitais da equipe até 1979, quando esteve vinculado ao clube, ficou de fora da foto. Na invasão de 70 mil corintianos ao Estádio do Maracanã, pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, no empate em 1 a 1 com o Fluminense, o time escalado foi de Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo, Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu Cambalhota. O público naquele 5 de dezembro foi de 146.043 pagantes.

No ano seguinte, marcado pelo desjejum de título, Adão só enfrentou a Ponte Preta na primeira partida da final do Campeonato Paulista. Na chamada negra – terceira partida – só assistiu a festa, num time com três mudanças em relação ao ano anterior: Ademir Gonçalves na quarta zaga; Luciano e Basílio nos lugares de Givanildo e Neca.

Em 1979, ao se reencontrar com a Ponte Preta em final de Campeonato Paulista, o Timão estava bem modificado: Jairo; Zé Maria, Mauro, Amaral e Wladimir; Caçapava, Biro-Biro e Sócrates; Piter, Palhinha e Romeu Cambalhota.



Quando Adãozinho foi fixado como titular, a cobrança por título foi intensificada. Aí, o cantor-compositor Bebeto decidiu homenageá-lo com a gravação da música ‘Adão, você pegou o barco furado’. Eis a letra: “Você está com tudo garoto, e não tá prosa. Camisa 10, chuteira, meia e calção! Como é que é Adão? A galera não é mole não.

Você pode passar até por dez. Matar no peito, chutar forte, fazer gol. O sapo canta, o time perde, o povo chora. Você lamenta e fica triste com razão. Mas de nada você é culpado. Você já pegou o barco furado.

Largaram uma bomba em suas mãos. Você sente a falta do velho Tião. O meio-campo anda russo, preocupado. Você lamenta e fica triste com razão. Mas de nada você é culpado. Você já pegou o barco furado.

Na época o modismo era fazer música associada ao futebol. O sambista Luiz Américo, preocupado com a falta de substituto para Pelé na Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, compôs a música Camisa 10: “Desculpe seu Zagallo, mexe nesse time que tá muito fraco. Levaram uma flecha, esqueceram o arco. Botaram muito fogo e sopraram o furacão, que não saiu do chão. É camisa dez da Seleção. Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele...

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