segunda-feira, 14 de março de 2011

Rípoli e Eurico: cartolas briguentos

Décadas passadas, no auge de uma comemoração vascaína após vitória sobre o Flamengo, o irreverente ex-presidente cruzmaltino Eurico Miranda destilou todo veneno contra o rival: “Não sei se tenho maior prazer numa relação sexual ou se quando ganhamos do Flamengo”.

Tão ou mais intrigante que o cartola carioca foi o engenheiro agrônomo Romeu Ítalo Rípoli, presidente do XV de Piracicaba (SP) nas décadas de 70 e 80. No acervo de publicações do jornalista piracicabano Cecílio Elias Neto consta que o dirigente extrapolou na Suécia, numa excursão do clube pela Europa e Ásia em 1964. Segundo relato, para impressionar suecos na língua deles, o cartola teria passado uma noite em claro estudando pronúncias das palavras do discurso que preparava, orientado por uma tradutora.

Rípoli adorava aparecer na mídia. Na ausência de fatos relevantes, criava-os. Em 1974, quando o Fluminense abriu negociações para tirar o meia Rivelino do Corinthians, ele convocou a mídia para ‘anunciar’ a pretensão de atravessar o negócio. Na década de 60, esperto, ‘driblou’ o dirigente flamenguista Gunnar Goransson ao empurrar para a Gávea o zagueiro Ditinho, irmão do brutamonte Ditão do Corinthians. Rípoli combinou com o então presidente santista Modesto Roma uma simulação de interesse do jogador para atuar no Peixe e o Flamengo ‘mordeu’ a isca supondo contratar o melhor dos zagueiros da mesma família.

Nos anos 70 Rípoli adotou política de baixos salários e ‘bichos’ altíssimos ao elenco. Assim, mesmo com um time modesto chegou ao vice-campeonato paulista em 1976. O campeão foi o Palmeiras que o derrotou por 1 a 0, gol de Jorge Mendonça.

Rípoli e Eurico tinham em comum prepotência, brigas desnecessárias, fascinação pelo cenário político e o reprovável hábito de enfumaçar ambientes com baforadas. Eurico sempre exibiu charutos, enquanto Rípoli pitava cigarro de palha.

O então deputado federal Eurico ousou bateu de frente até com a Rede Globo de Televisão, ao exibir o logotipo do concorrente SBT nas camisas dos jogadores do Vasco durante transmissão da ‘poderosa’ na final da Copa João Havelange de 2000 contra o São Caetano. Ele também foi criticado em 1997 após jogo do Vasco no Estádio do Maracanã. Ao transportar R$ 62 mil da receita de seu clube para a sua casa, foi interceptado por ladrões que levaram o dinheiro. Ainda foi alvo de processo de cassação de mandato em CPI da Câmara, que culminou com o arquivamento.

Quanto a Rípoli, foi denunciado por sonegação de Imposto de Renda, o que implicou em renúncia da presidência do XV. Posteriormente, ao apresentar defesa, comprovou inocência e foi isentado da acusação. Ele morreu em 1983 aos 66 anos de idade.





Nenhum comentário: