terça-feira, 22 de março de 2011

Hidalgo, do gramado ao rádio

Quando ex-jogadores de futebol começaram a ocupar o mercado de trabalho de radialistas e jornalistas que comentam futebol nas mídias eletrônicas houve denúncia a sindicatos das categorias de invasão de espaço, mas legalmente não havia mecanismo de proibição de quem conseguiu registro emitido pela DRT (Delegacia Regional do Trabalho) para desempenhar a função. Se ex-boleiros nem sempre conseguem articular bem as idéias, compensam com conteúdo. Ao vivenciarem múltiplas situações opinam, na maioria das vezes, fugindo do óbvio.

José Hidalgo Neto, um dos primeiros ex-boleiros a empunhar microfone no rádio brasileiro, reúne o útil ao agradável na crônica esportiva paranaense. Concilia a dádiva da oratória a correta leitura do jogo. Afinal, esteve no gramado e aprendeu nos 15 anos de carreira como jogador as conceituações técnicas, táticas e de bastidores do futebol.

Hidaldo foi médio-volante nos tempos em que exigia-se eficiência no desarme e bom passe para desempenhar a função. Ele fez isso nos cinco anos de C.A. Juventus a partir de 1960, repetiu quando integrou o XV de Piracicaba no acesso à divisão de elite do futebol paulista em 1967, e principalmente de 1970 a 1975 na passagem pelo Coritiba, coroada com o pentacampeonato paranaense.

A boa estatura permitiu que se juntasse aos zagueiros de seu time quando o adversário atacava e alçava bola, visando devolvê-la de cabeça. Não era rápido e raramente arriscava arremates ao gol, o que justifica o histórico de 13 gols na carreira. A compensação era a liderança em campo com a braçadeira de capitão.

Hidalgo era companheirão e irônico. As vezes fingia dominar o idioma francês e enrolava a língua para falar. No entanto seus companheiros só flagraram a lorota quando o Coritiba excursionou à França em 1972. Paradoxalmente um transeunte, ávido por informação, resolveu indagá-lo e aí a ‘casa caiu’.

Essa e dezenas de outras histórias durante trabalho em oito Copas serão contadas no Blog Capitão Hidaldo, em artigos renovados no link ‘Conversa de Arquibancada’, e em rodas de amigos radialistas, profissão que ‘abraçou’ na Rádio Cultura de Coritiba em 1975. Além disso, é um vendedor de publicidade de mão cheia.

O ápice de Hidalgo no rádio foi nos anos 80 na ‘Clube Paranaense’, quando fez dobradinha com o vibrante narrador Lombardi Júnior, já falecido. Também trabalhou nas emissoras Tupi e Record de São Paulo, em 1989 e 1998 respectivamente.

Agora, só vai a São Paulo a trabalho ou para visitar parentes. Ano passado voltou a Piracicaba e saboreou um pintado na brasa na Rua do Porto, ponto da melhor culinária da cidade. Também lembrou da generosidade do comendador Humberto D’Abronzzo, presidente do XV na sua época, porque injetava dinheiro da empresa de caninha Tatuzinho – de propriedade dele – no clube.



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